China / ÁsiaPoluição | Acordo global sobre plásticos falhou Hoje Macau - 3 Dez 2024 Mais de 170 países procuraram, durante cerca de uma semana, na Coreia do Sul, chegar a um acordo para a redução do plástico no planeta. As negociações acabaram por fracassar completamente e desconhece-se, para já, se haverá lugar a uma nova tentativa em 2025 As negociações para um tratado global contra a poluição de plásticos fracassaram domingo ao fim de uma semana de discussão em Busan, na Coreia do Sul, perante a oposição de um grupo de países produtores de petróleo. “Várias questões críticas ainda nos impedem de chegar a um acordo geral. Estas questões não resolvidas continuam espinhosas e será necessário mais tempo para resolvê-las de forma eficaz”, declarou o embaixador equatoriano Luis Vayas Valdivieso, que preside os debates. Durante uma semana, representantes de mais de 170 países tentaram encontrar uma solução para reduzir a poluição de plásticos que invade os oceanos, os solos e se infiltra no corpo humano. Se nada for feito, a poluição por plástico poderá triplicar em todo o mundo até 2060, depois de a produção global ter triplicado para 1,2 mil milhões de toneladas, em comparação com as 460 milhões de toneladas em 2019, segundo um cálculo da OCDE. Ao abrir a última sessão plenária das negociações, o diplomata apontou três pontos de bloqueio e de divergência: um princípio de redução da produção global de plástico, o estabelecimento de uma lista de produtos ou moléculas consideradas perigosas para a saúde e o financiamento da ajuda aos países em desenvolvimento. Após dois anos de conversações, os delegados representados na quinta e supostamente última reunião do Comité Intergovernamental de Negociação para um Tratado Contra a Poluição Plástica (INC-5) tinham até domingo para chegar a um acordo. Mas, desde que os debates começaram em 25 de Novembro, as discussões transformaram-se num diálogo inconsequente entre uma maioria de países que querem um acordo ambicioso e um grupo de Estados produtores de petróleo liderados pela Rússia, Arábia Saudita e Irão. Um diplomata europeu que participou nas negociações descreveu à agência AFP intermináveis reuniões dentro dos vários grupos de contacto, que se prolongaram até às primeiras horas da manhã sem o mínimo progresso. “Vimos até 60 intervenções de cinco minutos cada para alterar uma simples frase”, lamentou o diplomata, para quem é preferível “sair sem acordo do que com um mau acordo”. Sem solução A frustração cresceu, ao longo da semana, no seio da “Coligação de Altas Ambições”, que reúne países a favor de um tratado forte que aborde todo o “ciclo de vida” do plástico, desde a produção de polímeros à base de produtos petrolíferos até à recolha, triagem e reciclagem. Esta coligação opôs-se aos países produtores de petróleo, que defendem que o futuro acordo deve apenas dizer respeito à gestão de resíduos e à reciclagem de resíduos plásticos. “O problema é a poluição, não o plástico em si”, justificou o delegado saudita, Abdulrahmane Al Gwaiz, durante a última conferência plenária. Este atraso está a ter “consequências desastrosas para as pessoas e para o planeta, sacrificando implacavelmente aqueles que estão na linha da frente desta crise”, alertou o delegado da organização ambientalista Greenpeace, Graham Forbes. A data e o local da próxima ronda de negociações, em 2025, ainda não foram anunciados.