Caso MCB | Leitura da sentença agendada para 26 de Novembro

A ex-presidente do Banco Chinês de Macau, Yau Wai Chu, e o empresário Liu Wai Gui são acusados de liderar a uma associação criminosa que desviou 456 milhões de patacas da instituição financeira

 

A sentença do caso Banco Chinês de Macau (MCB, em inglês) vai ser conhecida no dia 26 de Novembro, pelas 09h30. O agendamento foi feito na terça-feira, numa sessão de julgamento marcada pelas lágrimas de vários arguidos e pelas alegações finais, com o Ministério Público a pedir a condenação de todos os 15 envolvidos.

De acordo com o Jornal Ou Mun, nas alegações finais os representantes do MP argumentaram que os cinco funcionários do banco levados a julgamento, com destaque para a ex-presidente Yau Wai Chu, agiram em conluio para permitir que o empresário Liu Wai Gui obtivesse empréstimos para desviar dinheiro da instituição financeira.

O MP voltou a referir que, entre Setembro de 2017 e Abril de 2022, os arguidos terão sido responsáveis por 13 empréstimos considerados “problemáticos”, que terão lesado o banco em 456 milhões de patacas, resultaram da actuação dos vários arguidos acusados do crime de associação criminosa.

O MP referiu ainda que o caso tem “demasiadas circunstâncias suspeitas”, inclusive a falta de informação interna relacionada com as contas dos clientes a quem eram aprovados empréstimos, o ignorar de relatórios de risco sobre os clientes e dos avisos do departamento de gestão de créditos. A acusação argumentou ainda que os arguidos usaram provas falsas sobre projectos apresentados para justificar os empréstimos, e destacou a existência de várias companhias com a mesma morada e a falta de garantias bancárias.

“Não se trataram de erros ou falhas profissionais, foram verdadeiramente actos criminosos, em que o banco era utilizado como uma máquina de dinheiro”, foi referido pelo Ministério Público.

Fogo cruzado

No que diz respeito à defesa, os relatos do jornal Ou Mun e do Canal Macau, indicam que os arguidos terão utilizado as alegações finais para atirar responsabilidades uns aos outros.

A defesa de Yau Wai Chu recusou qualquer ligação com Liu Wai Gui, além da relação comercial estabelecida através da instituição bancária, de forma a afastar a hipótese de ter sido formada uma associação criminosa. O representante legal de Yau também indicou que a acusação não foi capaz de provar que a arguida lucrou pessoalmente com os empréstimos aprovados, e vincou que o banco não é uma autoridade pública, pelo que não tem recursos para verificar a autenticidade de todos os documentos que recebe.

Por sua vez, a defesa de Liu Wai Gui vincou que a Companhia de Engenharia Junpam, que de acordo com a acusação foi utilizada para receber empréstimos ilegais, era uma das empresas de Macau com melhor reputação e qualidade de trabalho ao nível das decorações de interiores. A defesa reconheceu que houve erros em orçamentos, mas destacou que mesmo durante a pandemia a Junpam teve projectos e que nunca deixou de pagar salários.

Já a defesa de Liu Hai Qin, arguida detida em Coloane e irmã de Liu Wai Gui, afirmou que o erro da cliente foi acreditar no irmão, acabando por ser arrastada para o caso, sem intenções de cometer ilegalidades.

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