Camões | 500 anos celebrados em Macau e em vários continentes

José Augusto Bernardes, comissário das comemorações dos 500 anos do poeta português Luís de Camões, disse à Lusa que existe uma forte memória do autor de “Os Lusíadas” em Macau e que tem contactado com entidades educativas locais. Bernardes deu ontem uma palestra na Fundação Rui Cunha

 

Os 500 anos do nascimento de Luís de Camões serão celebrados sobretudo em Portugal, mas a Estrutura de Missão pretende alargar as iniciativas a outros países e territórios, como Marrocos, Moçambique, Índia e Macau.

“O roteiro camoniano será tido em conta na medida do possível”, afirmou ontem o comissário-geral das comemorações, José Augusto Bernardes, à agência Lusa, mencionando os lugares de África, Oriente e Extremo Oriente onde Camões esteve, no século XVI. Até à próxima semana, o investigador está em Macau a convite da Universidade de Macau e de outras entidades do território.

“Tive encontros com estudantes e com o público em geral. Permito-me destacar a visita que efectuei à Escola Portuguesa e a oportunidade muito gratificante de nela poder falar de Camões a jovens macaenses”, adiantou, para salientar que Macau acolheu este ano um congresso sobre Camões e que outro vai acontecer em Moçambique, em 2025.

Segundo o comissário-geral, “a chamada rede externa, envolvendo as cátedras e várias universidades onde o português tem presença significativa, tem estado bastante activa”, com diversas realizações.

“Em Macau, a memória e o apreço por Camões são especialmente intensos. Camões está por todo o lado, na chamada Gruta, desde logo, mas também na toponímia e na memória dos habitantes que se exprimem em português”, destacou.

Na RAEM, o responsável máximo da Estrutura de Missão encontrou “bons projetos em fase adiantada de execução”. “Tocou-me o plano de uma edição bilingue de ‘Os Lusíadas’, ilustrada por artistas chineses e portugueses, promovida pelo Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong”, declarou.

Embora a maioria dos eventos aconteça em Portugal, “não esqueceremos as comunidades portuguesas” pelo mundo, “nem os países de língua oficial portuguesa”, assegurou José Augusto Bernardes. “Tenho a ambição de poder fazer o mesmo que em Macau nas outras escolas portuguesas espalhadas pelos diferentes continentes. Para esse e para outros fins, conto com a ajuda de outros e outras colegas”, disse.

Um extenso programa

O programa comemorativo do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões abrange “actividades com maior visibilidade e outras que, embora igualmente importantes, não gozam do mesmo impacto público”.
O comissário-geral destacou a realização de “Um dia para Camões” em cada capital de distrito e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

“Em alguns casos, conta com a participação de escritores, alguns galardoados com o Prémio Camões. Noutros casos, esse dia insere-se em actividades culturais como feiras do livro ou outro tipo de certames culturais”, informou. “O objectivo será sempre implicar públicos jovens, levando-os a reagir à mensagem de Camões naquilo que ela tem de atual e agregador”, disse o comissário-geral.

Estão igualmente previstas “iniciativas mais convencionais”, como congressos e exposições fixas ou itinerantes, tanto em território nacional como no estrangeiro.

“Uma delas terá lugar em Paris, na sede da UNESCO, outra na Biblioteca Nacional de Madrid. De uma maneira ou de outra, todas terão vocação didáctica e serão comissariadas por camonistas”, referiu. A Estrutura de Missão “promoverá directamente dois grandes congressos”: uma reunião internacional de camonistas, na primavera de 2026, em Lisboa, e um congresso sobre o ensino de Camões, em Coimbra, no outono de 2025.

Criado “sítio Camões”

“A figura do poeta tem vindo a desempenhar um papel agregador ao longo dos séculos e na pluralidade dos espaços e das culturas em que se fala a nossa língua”, realçou o catedrático. Entretanto, será construído um “sítio de Camões”, reunindo “informação qualificada” sobre a vida e a obra do poeta, funcionando como “lugar fiável e certificado para Camões no mundo das plataformas e da informação” disponível na Internet.

As comemorações do quinto centenário do nascimento de Luís de Camões arrancaram oficialmente no passado dia 10 de Junho, com uma programação a estender-se até 10 de Junho de 2026, a difundir em pormenor.

A grande exposição na Biblioteca Nacional de Portugal, segundo o anúncio do ministério de Dalila Rodrigues, será intitulada “Revisitar Camões”. Exposições bibliográficas itinerantes terão por alvo as escolas do 2.º e 3.º ciclos dos ensinos básico e secundário; outra, em parceria com o instituto Camões, será a que vai percorrer Goa, Macau, a Ilha de Moçambique e outros pontos do mundo onde se ensina a língua portuguesa.

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