UE | Pequim com “forte oposição” aos impostos extra a veículos eléctricos

Apesar da oposição alemã, a União Europeia votou favoravelmente a introdução de taxas elevadas às importações de veículos eléctricos chineses. Pequim protestou veementemente contra a decisão e alerta que as consequências negativas poderão recair não só sobre o país asiático, mas também sobre empresas europeias e multinacionais com operações na China

 

Pequim manifestou na sexta-feira “forte oposição” à decisão da União Europeia de impor impostos adicionais sobre veículos eléctricos chineses, segundo o Ministério do Comércio da China. “A China opõe-se firmemente às práticas proteccionistas injustas, não conformes e vergonhosas da UE neste caso e opõe-se fortemente à imposição pela UE de direitos anti-subsídios sobre os veículos eléctricos chineses”, segundo o ministério.

O ministério instou os países da UE a “voltarem ao bom caminho”, resolvendo as tensões comerciais através do diálogo, e avisou que iria “salvaguardar os interesses das empresas chinesas”.

Para a Câmara de Comércio da China na União Europeia a imposição de tarifas elevadas “não vai prejudicar apenas as empresas chinesas”, mas também “as empresas europeias e multinacionais com operações na China”.

A imposição “não irá melhorar a resiliência da indústria europeia local” e poderá “dissuadir futuros investimentos chineses na Europa, prejudicando a competitividade do mercado europeu e enfraquecendo a cadeia de abastecimento global de veículos eléctricos”, alertou a mesma fonte.

O gigante automóvel chinês Geely indicou que “esta decisão corre o risco de prejudicar as relações económicas e comerciais entre a UE e a China”.

Numa votação realizada na sexta-feira, os 27 confirmaram a imposição de direitos aduaneiros sobre os automóveis eléctricos importados da China, apesar da oposição dos alemães, que receiam uma guerra comercial com Pequim.

A Comissão Europeia tem agora carta branca para acrescentar ao imposto de 10 por cento já em vigor uma sobretaxa que pode ir até 35 por cento sobre os veículos a bateria fabricados na China. Estes direitos de compensação deverão entrar em vigor no final de Outubro.

Em pormenor, os impostos adicionais ascenderão a 7,8 por cento para a Tesla, 17 por cento para a BYD, 18,8 por cento para a Geely e 35,3 por cento para a SAIC, de acordo com um documento final enviado aos países membros a 27 de Setembro.

O objectivo declarado é restabelecer a igualdade de condições com os fabricantes acusados de beneficiarem de importantes subsídios públicos.

A imposição de impostos visa ainda defender a indústria automóvel europeia e os seus cerca de 14 milhões de postos de trabalho contra práticas consideradas injustas e identificadas durante uma longa investigação da Comissão.

A aplicação de tarifas iniciou-se em Julho, numa base provisória quando Bruxelas decidiu impor direitos aduaneiros até 36,3 por cento ao fabricante de automóveis SAIC, 19,3 por cento à Geely e 17 por cento à BYD, alegando que recebem subsídios que prejudicam os fabricantes da UE.

As tarifas também afectam as importações de fabricantes ocidentais que produzem na China, como a Telsa, a Dacio e a BMW, que seriam tributadas a 21 por cento.

Olho por olho

Em Junho, em resposta às tarifas, o Ministério do Comércio chinês anunciou uma investigação “anti-dumping” contra a carne de porco ou miudezas da UE – tanto refrigerada como congelada -, bem como gordura e derivados de porco ou miudezas, uma medida que poderia acabar por afectar Espanha, o principal exportador de carne de porco para a China, tanto a nível da UE como a nível mundial.

De acordo com dados das alfândegas chinesas, em 2023, o gigante asiático importou 1.537 milhões de dólares destes produtos de Espanha.

Espera-se que as conclusões desta investigação sejam conhecidas dentro de um ano, embora o processo possa ser prolongado por mais seis meses “em circunstâncias especiais”.

Além da carne de porco, Pequim anunciou, em Agosto, uma investigação anti-subvenções a certas importações de produtos lácteos da UE, que afecta, nomeadamente, a Irlanda, a Áustria, a Bélgica, a Itália, a Croácia, a Finlândia, a Roménia e a República Checa.

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