EventosIPOR | Ciclo de cinema sobre o 25 de Abril até Julho Andreia Sofia Silva - 30 Mai 2024 No ano em que se celebram os 50 anos da chamada “Revolução dos Cravos”, o 25 de Abril de 1974, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe até ao dia 2 de Julho vários filmes sobre o golpe que derrubou a ditadura, os seus protagonistas e resistentes, onde se incluem nomes como Salgueiro Maia ou Álvaro Cunhal Um momento tão marcante para a história de Portugal como o 25 de Abril de 1974, que acabou com a ditadura do Estado Novo, de Salazar e Marcelo Caetano, já marcou presença em muitas narrativas cinematográficas ao longo dos últimos anos. Tendo em conta que este ano se celebra meio século da revolução, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe, até 2 de Julho, vários filmes, muitos do género documentário, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. O ciclo de cinema “50 anos – 25 de Abril” arrancou no dia 21 com o filme “As Mãos Invisíveis”, de Hugo dos Santos, um documentário sobre as vivências numa casa em Paris que, nos anos 70, acolhia diversos portugueses que fugiram do regime fascista que então se vivia em Portugal. Foi também exibido esta terça-feira o filme “Cartas a uma Ditadura”, de Inês de Medeiros. Na próxima terça-feira, será exibido o filme “O Jovem Cunhal”, do realizador João Botelho, datado de 2022. Trata-se de um retrato do mais carismático líder do Partido Comunista Português (PCP), Álvaro Cunhal, e da resistência ao fascismo que marcou toda a sua vida. Cunhal esteve preso várias vezes, estava sempre na mira da PIDE, a polícia política do Estado Novo, e foi central para definir a oposição política ao fascismo na clandestinidade. Na sinopse da película pode ler-se que João Botelho conseguiu criar “um filme detectivesco, em que se exploram os primeiros anos da vida do histórico dirigente do PCP”, sendo que, pelo meio, são “encenados excertos dos seus próprios livros”. Imagens e memórias No dia 11 de Junho, é altura de exibir “Outro País”, de Sérgio Tréfaut, documentário de 1999 que relata a revolução, no período mais conturbado que se seguiu ao 25 de Abril, nos anos de 1974 e 1975. A sinopse revela que se trata de um filme baseado em muita documentação histórica guardada em arquivos, além de revelar os olhos e sonhos de fotógrafos e cineastas que, na época, testemunharam o evento. “Salgueiro Maia, O Implicado”, da autoria de Sérgio Graciano, exibe-se no dia 18, mostrando a intervenção de um dos homens que ficou para a história como um dos “Capitães de Abril”, por ter ajudado, com outros militares, a planear e a fazer o golpe nas ruas de Lisboa. Segundo a síntese do filme, trata-se do “primeiro retrato” do militar feito para cinema. “Fernando Salgueiro Maia, o anti-herói não ocasional, produto de uma formação académica e militar, foi um homem que soube pensar o futuro, seguir as ideias, contestando-as, vivendo uma vida cheia, alegre e fértil, solidária e sofrida – se não tem morrido prematuramente aos 47 anos, teria agora 75”. O realizador fez, assim, “uma abordagem moderna, intimista e emocional” da vida deste militar, já falecido, sendo esta “uma história de ficção baseada em factos históricos, relatos pessoais, revelações íntimas, emoções reais de quem acompanhou o capitão ao longo de toda a vida”. A 25 de Junho são apresentadas várias curtas-metragens na sessão “50 anos do 25 de Abril”, nomeadamente “Antes de Amanhã”, de Gonçalo Galvão Teles; “O Casaco Rosa”, de Mónica Santos; “Lugar em Parte Nenhuma”, de Bárbara Oliveira e João Rodrigues; “Estilhaços”, de José Miguel Ribeiro, e ainda “Menina”, de Simão Cayatte”. O ciclo de cinema encerra-se a 2 de Julho com “48”, documentário de Susana de Sousa Dias. Este filme fala das histórias dos presos políticos do Estado Novo e de como sofreram as torturas às mãos da PIDE. O filme, de 2010, vai revelando algumas das fotografias que a PIDE tirava a todos os presos, a preto e branco, de perfil ou com o rosto apontado para a câmara. Estão lá as imagens de Conceição Matos, antiga funcionária do PCP presa duas vezes e torturada, e de tantos outros homens e mulheres. “São 16 imagens para contar 48 anos de fascismo – tudo fala da sociedade, os rostos, as roupas, a forma de estar. Não estão identificados por nomes nem idades porque valem por todos os presos políticos da ditadura”, refere a sinopse. As expressões eram de medo, as vozes que se ouvem em off traçam memórias negras de sofrimento e resistência na dor.