Segurança | Primeiro trimestre com aumento de criminalidade

Nos primeiros três meses do ano, as autoridades policiais instauraram mais de 3.500 inquéritos criminais, uma subida anual de 18 por cento e mais 5,5 por cento do que no mesmo período de 2019. Burlas e violações registaram subidas anuais, enquanto os casos de abuso sexual de crianças caíram 60 por cento

 

A criminalidade voltou a aumentar nos primeiros três meses do ano. Segundo a secretaria para a Segurança, as polícias de Macau instauraram no primeiro trimestre deste ano 3.548 inquéritos criminais, total que representa uma subida anual de 18 por cento, e mais 5,5 por cento do período homólogo de 2019.

Tendo em conta que o número de turistas está em rota ascendente, as autoridades não afastam a possibilidade de o crime continuar a aumentar. “No primeiro trimestre deste ano o número de turistas que entrou em Macau aumentou significativamente em comparação com o ano passado, mas ainda não atingiu 90 por cento do período homólogo de 2019. Por isso, este número poderá aumentar posteriormente, o que poderá trazer mais factores incertos que poderão complicar ainda mais a segurança da sociedade”.

Um dos crimes realçados ontem na apresentação das estatísticas da criminalidade pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, foi a burla. Nos primeiros três meses do ano, as autoridades registaram 656 casos de burla, o que traduz um aumento anual de 221 casos e de 50,8 por cento, e mais do dobro do registo face ao período homólogo de 2019 (131,8 por cento). Aliás, o Governo “culpa” em parte este tipo de crime pelo aumento da criminalidade geral, mesmo face aos tempos antes da pandemia, “acréscimo que se deve ao aumento contínuo do crime de burla, e em particular, da burla com recurso às telecomunicações e da burla cibernética, uma situação que muitos países e regiões do mundo estão a enfrentar”.

Porém, no capítulo dos crimes contra o património as burlas não foram a excepção à regra. Nos primeiros três meses do ano, registaram-se 558 casos de furto (uma subida de 28,9 por cento, mas menos 23,4 por cento face a 2019), enquanto a usura, com 68 casos, “explodiu 655,6 por cento. Também os casos de apropriação ilegítima tiveram um aumento anual de 8,5 por cento para 521 casos, e os roubos aumentaram 50 por cento para 12 casos.

Coração de trevas

Também a criminalidade violenta aumentou 24,2 por cento. Apesar disso, Wong Sio Chak afirmou que “no âmbito dos crimes de violência grave, tais como rapto, homicídio e ofensas corporais graves”, Macau continua a “manter uma taxa zero ou uma taxa muito baixa”.

No capítulo dos crimes violentos, destaque para as violações, que aumentaram 55,6 por cento no primeiro trimestre deste ano, face ao período homólogo, totalizando 14 casos. O Governo salienta que “quase 70 por cento das vítimas não são residentes de Macau”, e que “a maioria dos casos ocorreu em quartos de hotel, não se afastando a hipótese de que alguns dos casos tenham ocorrido na sequência de relações sexuais”. Quanto aos casos em que as vítimas são residentes de Macau, a maioria ocorreu entre a meia-noite e a madrugada, em bares e após o consumo de álcool. É indicado que “muitas das vítimas foram violadas em estado de embriaguez”.

Quanto ao crime de abuso sexual de crianças, totalizaram-se quatro casos, representando uma diminuição de 60 por cento, em comparação com o período homólogo do ano 2023, mas o dobro em comparação com o período homólogo do ano 2019.

As autoridades realçam que a maioria dos casos de assédio sexual foram de “menor gravidade entre crianças da mesma idade ou relacionou-se com a exibição ou transmissão de fotografias pornográficas, e na origem destes casos está a curiosidade dos menores na fase da adolescência”.

Quartos e quartas

Os crimes de sequestro, também 14, aumentaram exponencialmente uma vez que nos primeiros três meses do ano passado só havia registo de um caso. Ainda assim, a secretaria de Wong Sio Chak indica que sequestros, “ou cárcere privado”, foram “consideravelmente mais baixos do que os do período homólogo de 2019”, quando foram totalizados 68 casos.

Em relação às ofensas simples à integridade física, as autoridades registaram nos primeiros três meses do ano 260 casos, mais 2 por cento do que no ano passado, mas menos 16,7 por cento face ao primeiro trimestre de 2019.

Nos primeiros três meses deste ano, a polícia detectou 15 casos de tráfico e venda de drogas, menos um do que no período homólogo (-6,3 por cento). Segundo a secretaria para a Segurança, a diminuição “demonstra que o trabalho relativo às acções de divulgação e ao combate tem surtido bons efeitos”.

“Para evitar a entrada de drogas em Macau, no primeiro trimestre deste ano, a Polícia, os Serviços de Alfândega e a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações efectuaram em conjunto 165 operações postais antidroga e foram inspeccionadas 190.000 encomendas”, é indicado.

Quanto à criminalidade relacionada com o sector do jogo, no primeiro trimestre, “apresentou certo aumento”, com 351 casos, contra 158 no mesmo período do ano passado. “Acredita-se que o motivo esteja relacionado com o aumento substancial do número de turistas e com a recuperação da indústria do jogo”, é indicado no relatório que especifica o impacto do jogo na segurança de Macau. No entanto, indica-se no documento, o valor é inferior ao do mesmo período de 2019, “reflectindo o êxito do trabalho direccionado de prevenção e combate da polícia”.

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