Pequim | Salão automóvel arranca em período de ascensão dos fabricantes

Os fabricantes mundiais de automóveis e novas empresas no segmento eléctrico revelaram ontem novos modelos e conceitos no maior salão automóvel da China, que se está a assumir como um importante concorrente das marcas tradicionais.

A Toyota e a Nissan anunciaram acordos com as principais empresas tecnológicas chinesas, numa altura em que se esforçam por satisfazer a procura dos clientes pela incorporação de serviços digitais e sistemas de inteligência artificial nos automóveis, incluindo funcionalidades de condução autónoma.

Os veículos eléctricos representaram cerca de um quarto de todas as vendas de automóveis na China, no ano passado.

O maior fabricante de veículos eléctricos da China, a BYD, apresentou dois automóveis que podem funcionar apenas com electricidade ou como híbridos e um SUV híbrido todo-o-terreno da sua marca de luxo Yangwang na gama de mais de 1 milhão de yuan.

“Os veículos eléctricos chineses, representados pelas séries Qin e Han [da BYD], conseguiram substituir em grande escala os automóveis tradicionais a combustível, e esta tendência é irreversível”, afirmou Lu Tian, chefe de vendas dos modelos Dynasty da BYD.

Um executivo da Chery, um fabricante chinês mais tradicional, apresentou uma perspectiva mais moderada. Li Xueyong, um director-geral adjunto, afirmou que a empresa prevê um futuro com 40 por cento de veículos a combustível, 30 por cento de híbridos e 30 por cento de eléctricos. A empresa planeia desenvolver automóveis movidos a combustível e a novas energias.

A BYD tem-se expandido rapidamente para os mercados estrangeiros, incluindo em Portugal.

O grupo está a construir uma fábrica no Brasil no local de uma antiga fábrica da Ford que fechou quando o fabricante norte-americano deixou o país. Duas outras montadoras chinesas, incluindo a Chery, já têm fábricas no Brasil.

A BYD foi responsável por 41 por cento das vendas de veículos eléctricos no Brasil nos primeiros três meses deste ano, embora o número total ainda seja relativamente baixo.

Corrida europeia

Os fabricantes chineses também estão a fazer incursões na Europa, o que suscita a preocupação de que possa constituir uma ameaça para os fabricantes de automóveis e os postos de trabalho europeus.

A União Europeia está a ponderar a possibilidade de impor taxas alfandegárias punitivas aos veículos eléctricos fabricados na China devido aos subsídios governamentais que impulsionaram o crescimento da indústria.

A proliferação de fabricantes de veículos eléctricos, incentivada por benefícios fiscais e subsídios à energia verde, deu origem a uma feroz guerra de preços que deverá conduzir a um abanão e à consolidação do sector nos próximos anos.

Para os fabricantes estrangeiros, a ascensão dos concorrentes chineses desafiou-os a acelerar o desenvolvimento de novos modelos de automóveis elétricos para se manterem competitivos.

“Em nenhuma outra região do mundo a transformação da indústria automóvel é tão rápida como na China”, afirmou Oliver Blume, Diretor Executivo da construtora alemã Volkswagen, num evento no salão automóvel.

“Este mercado tornou-se uma espécie de ‘ginásio’ para nós”, afirmou. “Temos de trabalhar mais e mais depressa para o manter”, observou.

A Nissan quer assinar um memorando de entendimento com a tecnológica chinesa Baidu. O presidente da empresa, Makoto Uchida, disse que a Nissan precisa de satisfazer as necessidades dos clientes chineses e a velocidade a que o mercado está a mudar. “Se não conseguirmos responder nestes dois aspetos, será muito difícil manter o nosso negócio na China”, afirmou.

A Toyota anunciou uma parceria com a tecnológica chinesa Tencent. As marcas norte-americanas presentes no salão incluíram a Lincoln, a Cadillac, a Buick e a Chevrolet. A Ford apresentou um visual musculado ligado à sua história, contando a história do Mustang e do Bronco – que descreveu como um “veículo utilitário desportivo” quando foi lançado em 1966 – e mostrando as versões mais recentes desses modelos.

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