Creative Macau | Lugar de Macau pós-pandemia “inspira” exposição

“The Macau Dream is Alive and Well” reúne trabalhos de arte conceptual de Angela Hoi Ka Ian e Jovinia António. A mostra patente na Creative Macau tem como ideias centrais o “sonho de Macau” pós-pandemia, os desafios do isolamento, a crescente importância do mundo digital e a própria doença da covid-19

 

Está patente na Creative Macau uma exposição de Angela Hoi Ka Ian e Jovinia António. Intitulada “The Macau Dream is Alive and Well” [O Sonho de Macau está Bem Vivo], a mostra, em exibição até ao dia 27 de Abril, baseia-se “em acontecimentos recentes”. Para tal, as artistas convidadas foram desafiadas a “expressarem artisticamente os seus sentimentos sobre os tempos de confinamento e isolamento”, em referência à pandemia da covid-19, descreve um comunicado da Creative Macau.

Desta forma, a exposição “permite um vasto leque de possibilidades para as artistas expressarem as suas ideias”, evocando reflexões subjectivas” ou podendo ainda ter um “efeito neutro no espectador”. Apesar de Macau ter regressado à chamada “normalidade” após a pandemia em Janeiro do ano passado, a verdade é que os impactos que esta questão de saúde pública global teve nas pessoas continuam a motivar criações artísticas de diverso tipo.

“Os residentes de Macau tiveram de se adaptar a novos hábitos, aprendendo a viver em isolamento. Os três anos passados online e as ligações virtuais ajudaram a aliviar a tensão psicológica e o desespero crescentes. Apesar de tudo ter parado durante a pandemia, o número de utilizadores da Internet aumentou exponencialmente para trabalhar e criar”, aponta a Creative Macau.

Desta forma, Angela Hoi Ka Ian e Jovinia António foram convidadas a olhar para “o presente e o futuro” de Macau através da arte conceptual, tendo em conta que o território “caminha para a globalização”. “Ambas as artistas abordaram o tema de forma diferente, utilizando vários materiais para criar formas não tradicionais que reflectem a sua vida quotidiana”, é descrito.

Hábitos e desafios

No caso de Angela Hoi Ka Ian, apresenta-se a série de trabalhos com o mote “That Day I Rolled a Boulder Up a Mountain” [Naquele Dia, Rolei uma Pedra Montanha Acima], onde a artista explora “uma história de vida sem fim”, influenciada pelo mito grego de Sísifo, quando este foi castigado a empurrar um pedregulho para cima de uma colina íngreme. No entanto, sempre que se aproximava do topo da montanha, a pedra rolava para trás, obrigando-o a começar de novo. Esta tarefa sem fim, e inútil, acabou por tornar-se no seu castigo eterno.

Esta história serve de reflexão às ideias de criação, destruição e reparação, em que a artista “tem uma abordagem alegórica que serve de eixo principal” a toda a criação que se centra na pintura, vídeo e instalação. A ideia é “descobrir os retratos de Sísifo na vida” de todos nós, levando a uma reflexão sobre “o significado da vida do indivíduo no autoequilíbrio do universo”.

Natural de Macau, onde nasceu em 1996, Angela Hoi Ka Ian costuma explorar a “relação de vulnerabilidade entre indivíduos e comunidades”. Concluiu um mestrado em Belas-Artes em Londres, que acrescentou a uma licenciatura na mesma área pela Universidade Nacional de Artes de Taiwan.

Jovinia António, outra artista convidada, designer de profissão e apaixonada por padrões, apresenta na Creative Macau trabalhos que exploram as questões geradas pelo confronto com a adversidade: será que a pessoa “se iria fundar no seu espaço de conforto ou iria atravessar a paisagem com espinhos”?

A própria artista teve um processo de reconhecimento individual após terminar a licenciatura, optando por criar a sua própria marca, a “Stardust Journey”, fundada em 2016. Esta marca têxtil levou a artista a criar o seu próprio espaço e voz na indústria, e é sobre esse reencontro que as obras de Jovinia António falam.

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