Rota das Letras | Festival arranca com mostra de fotografia sobre Li Bai

Começa hoje a 13.ª edição do festival literário Rota das Letras, que terá como epicentro a Casa Garden e como pilares temáticos os mestres da poesia Camões e Li Bai. É inaugurada amanhã a exposição de fotografia “Li Bai: A Peregrinação de um Nómada Imortal”, da autoria do fotógrafo Xu Peiwu

 

As deambulações do incontornável poeta chinês Li Bai são um dos destaques do arranque da 13.ª edição do festival literário Rota das Letras, que começa hoje e irá marcar a agenda cultural da cidade até ao dia 17 de Março. A mostra fotográfica “Li Bai: A Peregrinação de um Nómada Imortal”, que reúne trabalhos de Xu Peiwu, é inaugurada hoje às 17h30 na Casa Garden. A curadoria da exposição está a cargo de João Miguel Barros e iiOn Ho, que dirige a galeia Art on Space em Foshan.

A organização do festival revela que, por motivos de espaço, o escopo da exposição será reduzido face ao volume de trabalhos exibidos normalmente noutros lugares, mas ainda assim demonstra a grandiosidade do épico trabalho fotográfico.

Além das imagens que evocam as deambulações do poeta por uma China perdida, o público poderá apreciar as fotografias de Xu Peiwu ao som da sinfonia “Das Lied von der Erde” composta por Gustav Mahler. A escolha da “banda sonora” não é aleatória, uma vez que o compositor austríaco confessou a influência de Li Bai na altura em que escrevia a sinfonia.

O interesse do fotógrafo começou há 40 anos, quando comprou o livro “Li Bai: poetry and its inner image”, do acadêmico japonês Matsuura Jiuyou. Desde então, a poesia e a imagem do poeta errante tornaram-se uma obsessão para Xu Peiwu, levando o fotógrafo a tentar retratar os caminhos do poeta, começando pelo serpentear do Rio Yangtze (que quase atravessa toda a China).

A lente de Xu Peiwu começou a captar imagens que trouxeram uma reprodução vívida das paisagens retratadas pelo poeta, indica a organização da mostra.

Caminho milenares

Mais de mil anos depois da épica jornada de Li Bai, Xu Peiwu levou uma década a percorrer os mesmos caminhos. São imagens “de uma enorme beleza e densidade, que nos permitem contemplar uma China despida e cativante”, afirma João Miguel Barros, curador da exposição.

Movido pela inspiração, o fotógrafo chinês fez-se à estrada em Fevereiro de 2013 numa jornada que só acabaria 10 anos depois, depois de um extenso itinerário que o levaria a Chengdu, Hangzhong, Xi’An, a cidade ancestral de Gaochang no Deserto do Taclamacã (actual Xinjiang), Luoyang, Jining, Qufu, Najin, Yangzhou, Xinchang, Jingzhou, passando também pela ravina Wu atravessada pelo Yangzte.

Munido com uma máquina fotográfica de formato médio de fabrico suíço, o autor captou as paisagens que inspiraram o romantismo do poeta, “deambulando por vastas e dispersas regiões da China, em fotografias de enorme beleza e densidade, imagens que nos oferecem a possibilidade de contemplar uma China nua e cativante, que preservou em grande parte a dinâmica e o progresso da civilização”.

Nascido em 1963, em Chaozhou, na província de Guangdong, Xu Peiwu começou a tirar fotografias em Guangzhou em 1990. Ao longo de 20 anos, concluiu trabalhos fotográficos da série “City 3: 20 Years Changing History of Zhujiang New Town, Nansha New Town, Guangzhou City Images”. As deambulações em busca de Li Bai foram publicadas recentemente em livro, editado em chinês e inglês. Durante a sessão inaugural, será apresentado o livro ‘Li Bai – A Via do Imortal’, de António Izidro, editado pela Livros do Meio.

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