Eleições à vista não há ninguém que resista

Os nossos leitores imaginam quantos partidos políticos vão concorrer às próximas eleições legislativas de 10 de Março? Nada mais que cerca de 20. A isto, chama-se uma bagunça política. Há partidos dos quais a maioria dos portugueses nunca ouviu falar. A verdade é que a campanha eleitoral está na estrada e a digladiação já começou há muito com os debates eleitorais. Aliás, na semana passada não se falou noutra coisa se não no debate entre Pedro Nuno Santos (PS) e Luís Montenegro (AD). Um debate activo e esclarecedor, em que quase todos os comentadores televisivos deram a vitória a Pedro Nuno Santos, excepto o director do semanário Expresso, que por coincidência o seu patrão Francisco Balsemão apareceu a apelar no voto na AD. A luta está renhida e é uma verdadeira incógnita o resultado final do povo. As sondagens são outra bagunça. Umas, apresentam o PS à frente da AD com cerca de mais de cinco por cento. Outras, são peremptórias em mostrar que a AD está na frente por uma diferença de seis pontos. E as sondagens valem o que valem quando temos mais de 18 por cento de eleitores indecisos. Uma indecisão que não é clara. Ou seja, não é esclarecido se esse número de indecisos vai ou não votar e se vota à esquerda ou à direita. A única coisa que já se sabe é que o Chega demagógico e populista, que apregoou ser governo, não alcançará mais de 15 por cento do que o resultado com que sonhou. A CDU, onde se insere o Partido Comunista, possivelmente pela má escolha que fez para secretário-geral do partido, terá uma votação muito baixa e o CDS que o PSD rebocou para uma aliança regressará ao Parlamento.

A dita bagunça em tempo de campanha eleitoral está a ultrapassar todos os limites da reivindicação por parte de certos sectores profissionais. Já não chegavam os professores, médicos e enfermeiros, quando agora sucedem-se as manifestações de protesto por melhores condições de vida e de trabalho por parte das forças de segurança, bombeiros, guardas prisionais, agricultores e na sexta-feira rebentou uma bomba. Os representantes associativos dos oficiais e sargentos das Forças Armadas aparecerem na televisão a anunciar que também poderão vir a manifestar-se na rua depois das eleições, sublinhando que querem mais dinheiro e o subsídio de risco igual ao da Polícia Judiciária, PSP e GNR, se estas duas últimas forças forem contempladas com o subsídio de risco igual ao da PJ. Ora, sobre as Forças Armadas o caso é gravíssimo. O estatuto do militar que exerce a defesa do país não pode entrar na bagunça generalizada. De tal modo, que o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo veio logo a terreiro dizer que isso seria um facto inverosímil e que os problemas nas Forças Armadas se resolvem através da cadeia hierárquica. Obviamente que o almirante tem razão e o povo não pode ver com bons olhos que a tão exemplar disciplina das Forças Armadas passe a uma espécie de movimento esfarrapado de protesto.

Os políticos estão em campanha eleitoral e devem fundamentalmente terminar com o lavar de roupa suja e começar a dizer às populações o que vão fazer para melhorar a qualidade de vida dos portugueses, especialmente de os cerca de quatro milhões que já vivem ao nível da pobreza.

Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro, André Ventura, Rui Rocha, Mariana Mortágua, Inês de Sousa Real, Paulo Raimundo, Rui Tavares e os outros muitos candidatos têm é de falar sobre a Saúde, Educação, Habitação e apoios sociais para os que vivem na miséria. Têm de abordar pelas terras por onde vão passando quais são as suas propostas para que o povo viva melhor. O país não se compadece com a manutenção de andar a mendigar constantemente à União Europeia dinheiro para isto e aquilo. Têm de ser tomadas medidas para que a economia melhore substancialmente, que as exportações aumentem e que se defenda acerrimamente o Serviço Nacional de Saúde de modo a terminarem as inúmeras esperas de meses e anos por uma consulta ou cirurgia, por urgências fechadas, por uma mulher grávida não saber onde irá ter o seu bebé. Os problemas do país são mais que muitos e naturalmente que não se resolvem de um dia para o outro, mas tudo o que mencionámos é mais importante do que privatizar uma TAP ou construir um aeroporto para as calendas.

Por fim, Portugal assistiu atónito à inoperância escandalosa da segurança nos estúdios da RTP, onde decorreu o último debate com todos os líderes partidários com assento no Parlamento. Com o debate a decorrer entrou nos estúdios um grupo de jovens aos gritos defensores do clima e atiraram com tinta vermelha para os vidros dos estúdios. Podia ter acontecido uma tragédia se tivesse entrado nos estúdios um grupo terrorista que podia calmamente ter matado todos os intervenientes. Ai, Portugal, Portugal…

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Eleitor
Eleitor
26 Fev 2024 12:00

Há muitos eleitores chineses com passaporte português e macaenses votaram sem saber quem são esses gentes dos partidos.
Outra questão, os partidos nuncam interessados de ouvir problemas dos eleitores fora de Portugal, principalmente em Macau.