China / ÁsiaUE / China | Riscos no relacionamento após anúncio de novas medidas Hoje Macau - 26 Jan 2024 Pequim deixa o apelo para que a União Europeia não tome medidas “anti-globalização” que afectem a imagem do velho continente junto das autoridades chinesas A imagem da União Europeia “está em jogo”, afirmou ontem Pequim, depois de Bruxelas ter revelado no dia anterior uma série de iniciativas para proteger os seus interesses económicos, nomeadamente as tecnologias sensíveis. “A imagem da UE no comércio internacional e economia está em jogo”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, apelando a Bruxelas para que não tome medidas “anti-globalização”. Na quarta-feira, os comissários europeus apresentaram um pacote de cinco iniciativas, incluindo o reforço do mecanismo de controlo do investimento estrangeiro na Europa, que entrou em vigor no final de 2020. A UE quer responder aos riscos para a segurança económica da Europa e evitar que as suas tecnologias e infra-estruturas sensíveis caiam nas mãos de rivais geopolíticos. “A comunidade internacional está muito preocupada com o unilateralismo proteccionista da UE nos sectores económico e comercial”, afirmou Wang, quando questionado sobre as novas regras. “As tendências actuais só intensificam estas preocupações”, alertou. “Esperamos que a UE respeite o comércio livre, a livre concorrência e a cooperação aberta, que são normas fundamentais de uma economia de mercado”. As medidas, que incluem uma proposta legislativa para controlar investimentos estrangeiros que possam representar riscos para a segurança, visam reforçar a segurança económica da UE. A máquina europeia Em Dezembro, o Tribunal de Contas Europeu indicou que Portugal, entre outros Estados-membros, não comunicou relevantes investimentos estrangeiros, entre 2020 e 2022, destacando a necessidade de submeter os mesmos para análise, após a criação do mecanismo de controlo do investimento estrangeiro na Europa. A Comissão Europeia pediu ainda maior coordenação europeia nos controlos de exportação, identificação de riscos em investimentos estrangeiros em tecnologias específicas e medidas para reforçar a segurança da pesquisa e desenvolvimento a nível nacional e sectorial. Em 2021, a UE registou cerca de 117 mil milhões de euros em entradas de Investimento Direito Estrangeiro, representando 8 por cento do total mundial. Estas acções visam em parte reduzir os riscos na relação económica com a China, que é vista em Bruxelas cada vez mais como um rival sistémico, apesar dos fortes laços comerciais.