MNE | Pequim quer “novo padrão” nas relações internacionais

Em contra corrente com as tendências unilateralistas e de confronto que despontam um pouco por todo o mundo, a China propõe um padrão de cooperação internacional que resulte em ganhos para todos

 

A China quer criar um “novo padrão” de relações internacionais e defender a paz e o multilateralismo face aos desafios globais, afirmou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Num discurso proferido durante um seminário, Wang afirmou que Pequim escolheu um caminho “cooperativo” e “justo” em vez de uma “política de poder” confrontacional.

“No mundo actual, novas e velhas contradições estão entrelaçadas, o unilateralismo está a aumentar, prioridades domésticas são realçadas e os défices de governação e de confiança da comunidade internacional continuam a aumentar”, disse Wang.

“A China vai sempre aderir à cooperação vantajosa para todos, promover activamente a globalização económica inclusiva e opor-se resolutamente a todas as formas de unilateralismo, proteccionismo e inversão da globalização”, disse o chefe da diplomacia chinesa.

No seminário organizado por dois grupos de reflexão, o Instituto de Estudos Internacionais da China e a Fundação de Estudos Internacionais da China, Wang afirmou que a diplomacia do país vai entrar numa nova fase mais resoluta, fazendo eco dos comentários do Presidente, Xi Jinping, no mês passado.

Wang defendeu que o país deve guiar-se pela filosofia de Xi “para abrir um novo domínio da teoria e da prática diplomática chinesa e para moldar um novo padrão de relações [entre Pequim] e o mundo, visando elevar a influência internacional, o carisma e o poder de moldar [os acontecimentos] pela China”.

O discurso de Wang foi proferido num contexto de pressões crescentes suscitadas pelo abrandamento económico do país e pelas tensões com o Ocidente, à medida que os Estados Unidos e os seus aliados tentam travar o que consideram ser uma China mais “assertiva” que está a desafiar a ordem mundial.

A China está a tentar promover uma visão alternativa ao sistema liderado pelos EUA – através de laços mais fortes com os países em desenvolvimento ou plataformas como a Iniciativa “Faixa e Rota” ou o bloco de economias emergentes BRICS. Wang afirmou que a China vai continuar a “explorar a forma correcta de se dar bem” com os EUA e que não vai haver “nenhum confronto entre blocos ou uma nova guerra fria” se “a China e a Europa derem as mãos”.

Potência imparável

Na semana passada, Kristalina Georgieva, directora do Fundo Monetário Internacional, alertou que a divisão da economia mundial em blocos liderados pelos EUA e pela China poderia reduzir a produção económica global em 7 por cento, devido ao aumento dos custos comerciais.

As relações entre China e União Europeia deterioraram-se devido ao reforço dos laços de Pequim com a Rússia, apesar da invasão da Ucrânia. Wang afirmou que a China vai continuar a expandir a sua rede de parcerias globais e a trabalhar com os países em desenvolvimento “de mãos dadas” e a aprofundar a confiança estratégica e a parceria com a Rússia.

O ministro também se comprometeu a defender a “equidade e a justiça” e a fornecer mais “soluções e sabedoria chinesas” para as guerras na Ucrânia e em Gaza. Wang disse no seminário que a determinação da China em “salvaguardar a justiça” também inclui a sua integridade territorial.

“Perante a interferência externa e as provocações, lutámos de forma resoluta e vigorosa. A determinação dos 1,4 mil milhões de chineses em promover a reunificação nacional é sólida como uma rocha”, afirmou. “Ninguém ou qualquer força deve tentar desafiar a vontade férrea do povo chinês ou tentar prejudicar os interesses fundamentais da China”, realçou.

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