China | Agência de segurança diz ter apanhado espiões estrangeiros por denúncia de senhorio

O Ministério da Segurança do Estado chinês afirmou ontem ter frustrado uma tentativa de recolha de informações sobre equipamento militar por uma “entidade estrangeira”, numa cidade não identificada, quando tenta mobilizar a sociedade contra actos de espionagem.

O Ministério disse ter sido avisado por um proprietário suspeito, que reparou numa “luz verde sinistra” proveniente de uma casa que tinha alugado a uma empresa estrangeira, numa mensagem publicada na página oficial na rede social chinesa WeChat.

A luz verde era proveniente de um equipamento de videovigilância utilizado por agentes estrangeiros para recolher informações sobre uma base naval próxima, que desempenhava “importantes tarefas militares”, de acordo com a mesma mensagem, que não avançou data e local do alegado incidente ou o país que enviou os espiões. O organismo também não esclareceu se foram efectuadas detenções.

No entanto, o proprietário recebeu uma “bela recompensa” pela “contribuição significativa”, indicou a nota do Ministério, acrescentando que a segurança da China teria sido “gravemente prejudicada” se as informações recolhidas pelos espiões tivessem sido enviadas para o estrangeiro.

As autoridades chinesas dizem enfrentar uma crescente ameaça à segurança por parte de países estrangeiros, incluindo Estados Unidos e os seus aliados, e apelaram para que fossem redobrados os esforços para apanhar espiões.

O ministro da Segurança do Estado, Chen Yixin, tem utilizado frequentemente as redes sociais para promover estes apelos, pedindo ao público para que dê informações. No início deste ano, Chen afirmou que a China deve “defender-se proactivamente” contra os espiões estrangeiros para reforçar a segurança do país e a liderança do Partido Comunista.

Protecção prioritária

Em Agosto passado, o Ministério de Segurança do Estado chinês pediu a mobilização de “toda a sociedade”, visando “prevenir e combater a espionagem”.

O organismo indicou que todos os órgãos estatais e organizações sociais, empresas e instituições têm a obrigação de prevenir e impedir a espionagem e “proteger a segurança nacional”, e disse que ia colocar à disposição dos cidadãos números de telefone e caixas postais para receber denúncias, “garantindo o sigilo” dos informadores.

A entrada em vigor este ano da emenda à lei de Contraespionagem da China passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem.

A linguagem vaga da legislação preocupa investidores estrangeiros, sobretudo depois de, em Maio passado, a polícia chinesa ter entrado nos escritórios de duas consultoras, a Bain & Co. e Capvision, e de uma empresa de análise de mercado para fusões, aquisições ou investimentos, a Mintz Group. As autoridades não deram nenhuma explicação, afirmando apenas que as empresas estrangeiras são obrigadas a cumprir a lei.

Na mensagem, o Ministério voltou a afirmar que a luta contra os espiões “exige não só o papel das agências de segurança nacional (…) mas também a participação alargada e a vigilância colectiva do público em geral”.

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