USJ | Revisão curricular reforça aposta no ensino do português

A Universidade de São José quer rever o currículo das licenciaturas para reforçar o ensino do português. O objectivo da medida é garantir que qualquer licenciado da USJ consiga ler, falar, entender e comunicar na língua de Camões

 

O director da Faculdade de Artes e Humanidades da instituição, Carlos Sena Caires, revelou que a revisão prevê uma cadeira obrigatória de língua portuguesa nos quatro anos de todas as licenciaturas da Universidade de São José (USJ), algo que actualmente apenas acontece no terceiro ano.

Os actuais alunos “acabam com um português que vai do A1 ao A2, quanto muito”, admitiu o académico. “A ideia com a revisão curricular é permitir ir até ao B2, C1 se der. Portanto, [o estudante] sai com uma aprendizagem de língua muito mais avançada”, sublinhou.

O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas abrange seis níveis, desde o A1, para iniciantes, ao C2, que reconhece a proficiência máxima em português. O objectivo é garantir que qualquer licenciado da USJ “tenha essas valências: saber ler, falar, entender e comunicar” em português, disse Sena Caires, algo que descreve como “uma mais-valia para Macau (…) e para os alunos”.

O reitor da USJ, Stephen Morgan, disse esperar que o regulador do ensino em Macau, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), aprove em breve a revisão curricular.

Morgan falava na quarta-feira durante a assinatura de um acordo que permite à USJ contar com professores do Instituto Português do Oriente (IPOR) para responder ao aumento das aulas de português como língua estrangeira.

O reitor revelou que, na terça-feira, durante uma reunião na DSEDJ, defendeu que, “se Macau quer desempenhar o papel de plataforma [entre a China e os países lusófonos], todo o sistema de educação deve levar a sério a necessidade de contratar professores de português”.

Sem residência

Carlos Sena Caires disse à Lusa que a colaboração com o IPOR começou, de forma informal, durante a pandemia de covid-19, porque Macau proibiu, durante quase três anos, a entrada de estrangeiros sem estatuto de residente. Apesar do fim destas medidas, a directora do IPOR, Patrícia Ribeiro, admitiu à Lusa que as restrições à residência para portugueses em Macau, impostas em Agosto, têm dificultado a contratação de novos professores.

“De momento não há desenvolvimentos e esta situação está a ser analisada ao mais alto nível”, disse Ribeiro. “Os três professores que recrutámos no último concurso já estão no IPOR e a trabalhar”, sendo que dois apenas receberam o chamado ‘blue card’, revelou. O ‘blue card’, um vínculo laboral atribuído a não residentes, não oferece quaisquer benefícios ao nível da saúde ou educação, nem a possibilidade de garantir a residência permanente em Macau.

Patrícia Ribeiro sublinhou ainda que o acordo com a USJ contempla ainda a colaboração para trazer artistas lusófonos em “itinerâncias”, não só em Macau, “junto das instituições de ensino, mas também a outros centros culturais não só da China como dos países da região” asiática.

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