Clímax

[ponto ou grau máximo, estado final da evolução de uma formação vegetal ou de uma outra comunidade biológica em determinado meio. Momento de maior intensidade na acção que vai acelerar o desfecho. Gradação crescente. Origem etimológica do latim; Escala.]

Por tudo isto, e passe a grande esfera da sazonalidade dos órgãos reprodutores, nós estamos metidos num enorme Clímax! Atingimos o ponto «G» o não retorno naquilo que diz respeito às alterações climáticas, onde, e por insistentes exercícios do descaso, fomos firmando com imensa soberba e alienação o estertor dos nossos dias, mas haverá sempre um momento em que olhamos a globalidade e não nos deixamos circundar por “fogos” brandos e olhamos o momento da Terra: e há de facto um alarme gigantesco que percorre a nossa humanidade enquanto todo. Tentar auscultar a grande transformação pode ser tarefa inútil diante de muitos que da vida têm escassos anos para viver com a verdade quimérica que foi ter vivido ainda no melhor dos mundos. O que se passa, ultrapassa, trespassa, qualquer “fogo-fátuo” da cada vez mais inútil acção política, capacidade humana, e poderemos afirmar que estamos perto de mais uma etapa de aniquilação.

Mas, como fazermos? É claro que todas as forças se conjugaram em termos de evolução para que nos fosse permitido firmar a nossa soberania crescente em meio hostil, e sem dúvida que fomos essa espécie vencedora, combativa e intrépida que evoluiu com características quase milagrosas. Tivemos a Terra, tivemos os recursos e transformámo-los, tivemos tudo o que procurávamos por tentativas constantes da vontade, e isso é maravilhoso. Fomos verdadeiros Filhos de Deus, e só agora compreendemos que para que haja de nós memória há que inventar rápido o Filho do Homem. O nosso tempo esgota-se e a noção de humano fenece. Não tenhamos dúvida que este estertor nos há-de mais além levar à desaparição por baixo do sol e não creio que seja num futuro longínquo. Estamos no transbordo de um cataclismo.

O que nos resta fazer é ainda uma grande jornada de incentivo e ajuste pois sabemos que as guerras nos deram grandes planos de como vislumbrar o futuro, e uns com os outros, cingimos as técnicas da reconstrução e adiantámo-nos face ao adversário (e vice-versa) como se a nossa humanidade fosse um inteligente jogo de xadrez, mas o que estamos a viver é outra coisa que ainda não chegou aos códigos desfeitos dos jogadores. Nós estamos sem excepção, todos ameaçados. A Terra nunca nos contou o seu segredo, e nós guardamos poucos em nossas lides existenciais, e o mais trágico é que não sabemos nada dessa origem, e assim, no grande vácuo que nos separa, fomos construindo realidades paralelas que nada servirão neste arrebatamento.

«Valeu a pena a travessia»? Valeu sim! José Mário Branco. Quero dizer que sim, que estou com ele, que foi assim (poderíamos, no entanto, neste caso ter impedido muita coisa) pois nada existe que apague agora desta retina que escreve estas simples linhas, a velocidade a que se foge por uma estrada ao lado de outra onde parece já não haver ter retorno. E fugimos para onde? Muitas dúvidas nos assolam neste tempo transfigurado. É preciso naves e neves, e saber como sair daqui, deixando a quem, em substituição de nós, consiga testemunhar um gigantesco erro universal, que nos mundos vindouros pode ser tido por grande maravilha. A Terra não nos segredou o seu segredo, mas todos a questionámos. Todos, todos, todos.

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