‘Uma Faixa, Uma Rota’ | MNE italiano em Pequim para gerir danos

O chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, iniciou ontem uma visita à China para gerir danos e negociar melhores termos com Pequim, apontaram vários analistas, numa altura em que Itália se prepara para abandonar a Iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’.

Itália é o único país do G7, grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo, que assinou um memorando de entendimento no âmbito do principal programa da política externa de Pequim. O acordo expira em Março de 2024, aguardando-se agora uma decisão formal da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, sobre a não renovação por mais cinco anos.

Antes de partir para a China, Tajani admitiu que a adesão de Roma à iniciativa chinesa não trouxe os resultados esperados. O ministro acrescentou que Itália gostaria de trabalhar com Pequim, mas que quer condições equitativas.

Citado pelo South China Morning Post, Wang Yiwei, especialista em assuntos europeus da Universidade Renmin, em Pequim, argumentou que Roma “não quer realmente desistir”, mas antes negociar termos mais benéficos com a China.

Itália pode tentar usar o actual momento geopolítico, numa altura em que a China tenta melhorar as relações com os governos europeus, face às tensões com Washington e os planos da União Europeia (UE) para reduzir riscos nas relações com o país, para “reforçar o seu poder negocial”, observou.

“Embora a China valorize a participação de Itália, não se vai deixar sequestrar por ameaças de desistência”, disse.

Para Noah Barkin, especialista nas relações Europa – China da consultora Rhodium Group, Tajani está numa “missão de gestão de danos”, para assegurar que Pequim não retaliará, caso Roma desista do acordo. “É pouco provável que Pequim inicie uma nova disputa com uma capital europeia.”

“O facto de não ter retaliado contra a Holanda, que restringiu o fornecimento de tecnologia para produção de ‘chips’ semicondutores, mostra que [a China] está preparada para ‘fingir que não viu’, em prol da estabilidade nos laços com a UE”, frisou.

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