Macau Jockey Club | Falta de preparação coloca em causa próxima época

Envios de cavalos cancelados, falta de preparação da próxima época de corridas e rumores de cortes no pessoal traçam um cenário de incerteza quanto ao futuro do Macau Jockey Club. Além disso, as dívidas acumuladas nos últimos anos representam um fardo pesado, aliado às promessas feitas na renovação da concessão que continuam por cumprir

No mês passado, foi cancelado o envio para o território de três dezenas de cavalos que se encontravam em instalações de quarentena animal em Sidney e em vias de serem enviados para Macau. O cancelamento do envio dos animais fez soar alarmes entre especialistas do sector sobre o futuro das corridas de cavalos em Macau.

Os cavalos retidos na Austrália representaram mais um sinal de problemas no horizonte, mas o portal da especialidade Asian Racing Report enumera ainda relatos de fontes do sector que indicam que a próxima época de corridas não está a ser preparada e que se fala em corte de mão-de-obra.

“Ainda não sabemos nada, nem quando se realiza o primeiro evento da próxima época, algo que seria normal sabermos por esta altura. Também ouvimos falar que podem estar para breve cortes no pessoal. Não fazemos ideia do que se passa. Será que o Macau Jockey Club está a cortar custos para sobreviver, ou isto é um sinal de que o fim está próximo?”, questionou-se um treinador, em condição de anonimato, em declarações ao Asian Racing Report. A mesma fonte indicou que nem altos quadros sabiam o que se passava.

Segundo o portal, foi marcada para ontem uma reunião entre responsáveis do Macau Jockey Club (MJC) e treinadores, mas até ao fecho desta edição não foram reveladas quaisquer informações.

Em vias de extinção

A evolução das últimas duas décadas demonstra a decadência das corridas de cavalos em Macau. Actualmente, existem no território 220 cavalos de competição e as corridas foram reduzidas para um evento por semana na época que termina no próximo sábado.

Há duas décadas, na época 2003/2004, existiam em Macau 1.200 cavalos de competição e eram organizadas mais de 1.200 corridas por ano, ultrapassando, por exemplo, a dimensão do sector em Hong Kong. No final dessa época, o MJC tinha um volume de negócios que ultrapassava 9 mil milhões de patacas.

No ano passado, o MJC registou apenas 47 milhões de patacas de receitas e prejuízos acumulados que superam 2,1 mil milhões de patacas.

Recorde-se que em 2018, o contrato de concessão da Companhia de Corridas de Cavalos, que opera o MJC, foi prorrogado por 24 anos e seis meses. À altura, o secretário para a Economia e Finanças Lionel Leong justificou o longo período de concessão com a promessa de um forte investimento da empresa concessionária, incluindo na componente extrajogo.

Uma das teses avançadas pelo Asian Racing Report é que o MJC não tem cumprido as promessas feitas, e que a presidente da administração, Angela Leong, terá sido chamada a apresentar justificações para a inacção nos últimos cinco anos de operações.

Ficou acordado que a empresa concessionária iria restaurar as bancadas e os estábulos, assim como construir um complexo com duas unidades hoteleiras e um parque temático com foco equestre. O plano de investimento teria um volume de cerca de 1,5 mil milhões de patacas.

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