China pede à NATO para não desestabilizar Europa e Ásia-Pacífico

A China pediu na quarta-feira que a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) pare imediatamente de difamar e mentir sobre o país, interrompa a perigosa tentativa de desestabilizar a Europa e a Ásia-Pacífico e pare de encontrar pretextos para sua expansão contínua.
Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, fez as observações em resposta a um comunicado emitido durante a Cimeira da NATO em Vilnius, onde se afirmou que as políticas da China representam “desafios sistémicos à segurança euro-atlântica”.
“O que foi dito no comunicado da NATO é completamente oposto da verdade e o produto da mentalidade da Guerra Fria e do viés ideológico. A China opõe-se fortemente a isso”, exaltou Wang, citado pelo Diário do Povo.
“A China tem o melhor histórico de paz e segurança. Nunca invadimos nenhum país nem nos envolvemos em nenhuma guerra por procuração. Nunca conduzimos operações militares globais, ameaçamos outros países com força, exportamos ideologia nem interferimos nos assuntos internos de outros países. Não criamos nem participamos de grupos militares e nos opomos ao uso da força ou à ameaça da força nas relações internacionais. Como a China poderia representar ‘desafios sistémicos’ para a NATO?” Perguntou Wang.
O país é uma força para a paz mundial, uma contribuinte para o desenvolvimento global, uma defensora da ordem internacional e uma fonte de bem público. A China está comprometida com o sistema internacional com a Organização das Nações Unidas (ONU) no seu núcleo, com a ordem internacional sustentada pelo direito internacional e com as normas básicas que regem as relações internacionais decorrentes dos propósitos e princípios da Carta da ONU, garantiu o responsável.

Presos no tempo
O oficial acrescentou que, mais de 30 anos após o fim da Guerra Fria, o seu legado, a NATO, permanece preso numa mentalidade de soma zero e vê o mundo como blocos opostos. Apesar do apelo da comunidade global pela paz, pelo desenvolvimento e pelo progresso comum, a organização militar continua a agir contra a tendência predominante e a procurar inverter a roda da história.
“O mundo não aceitará isso”, alertou.
A NATO afirma ser uma organização regional. Então por que está a ir além do escopo geográfico estabelecido no seu tratado, fazendo uma incursão na Ásia-Pacífico num ritmo mais rápido e procurando tornar-se uma “NATO Global”? Questionou Wang.
A organização afirma ser uma aliança defensiva. Então por que está a incentivar os países membros a aumentarem o orçamento militar? Por que continua a ultrapassar os limites e expandindo o mandato, além de estimular o confronto na Ásia-Pacífico?

Paz regional
Wang salientou que a prosperidade e a estabilidade que a região Ásia-Pacífico desfruta há muito tempo dependem do respeito mútuo, da cooperação aberta, do benefício recíproco e da capacidade de resolver adequadamente as diferenças entre os países locais. A incursão da NATO na Ásia-Pacífico apenas aumentará a tensão e levará a um confronto entre blocos e até mesmo a uma “nova Guerra Fria” na região, indica o Diário do Povo
“Os países da Ásia-Pacífico não aceitam e muitos países da NATO não aprovam isso. A região não precisa de uma ‘versão Ásia-Pacífico da NATO'”, ressaltou Wang.
“Pedimos à NATO que pare imediatamente de difamar e mentir sobre a China. A organização deve abandonar a mentalidade ultrapassada da Guerra Fria e a mentalidade de soma zero, renunciar à sua fé cega no poderio militar e na prática equivocada de procurar segurança absoluta, pôr fim à perigosa tentativa de desestabilizar a Europa e a Ásia-Pacífico e deixar de encontrar pretextos para a sua expansão contínua. Pedimos que a NATO desempenhe um papel construtivo para a paz e a estabilidade mundiais”, sublinhou.

Questões nucleares
Em resposta ao comunicado alegando que a China não tem “transparência” no arsenal nuclear, Wang comentou que a NATO, como aliança militar, é conhecida por ter o maior e mais poderoso arsenal nuclear do mundo e, ainda assim, acusa irresponsavelmente a China de representar ameaças nucleares e faz isso através de uma diplomacia de megafone.
“Isso é simplesmente errado e hipócrita. A China está seriamente preocupada e opõe-se fortemente a isso”, exclamou Wang, que lembrou ainda que o país sempre foi extremamente prudente e responsável em relação às questões de armas nucleares. A China está comprometida com uma estratégia nuclear defensiva e mantém as capacidades nucleares no nível mínimo exigido pela segurança nacional.
“Nunca tivemos a intenção de nos envolver em uma corrida armamentista nuclear. A China segue uma política de “não usar primeiro” armas nucleares em nenhum momento e sob nenhuma circunstância. O país comprometeu-se incondicionalmente a não usar ou ameaçar usar armas nucleares contra Estados sem armas nucleares e zonas livres de armas nucleares. A China é o único Estado com armas nucleares que adoptou tal política. Algum estado-membro da NATO assumiria esse compromisso?” Indagou Wang.

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