Sudão | Embaixada chinesa pede aos seus cidadãos “alta vigilância”

A embaixada chinesa em Cartum pediu ontem aos cidadãos e às empresas chinesas no Sudão que permaneçam “altamente vigilantes” e evitem sair à rua, à medida que a violência na capital sudanesa entra no terceiro dia.

Os confrontos entre as forças militares rivais sudanesas deixaram cerca de uma centena pessoas mortas e mais de 1.000 feridos, incluindo dezenas de civis, segundo o mais recente balanço das autoridades.
Não há relatos de cidadãos chineses mortos ou feridos.

“A embaixada lembra urgentemente aos cidadãos chineses e às instituições chinesas no Sudão para permanecerem altamente vigilantes, evitarem sair à rua e reforçarem as precauções de segurança”, lê-se no comunicado. “[Os cidadãos] devem permanecer longe de janelas ou espaços ao nível da rua, para evitar serem feridos acidentalmente por balas perdidas”, acrescentou.

O ministério dos Negócios Estrangeiros da China instou as facções rivais a cessarem os combates. “A China apela às duas partes em conflito no Sudão para que cessem o fogo o mais rapidamente possível, a fim de evitar uma escalada adicional da situação”, disse um porta-voz do ministério, no domingo. “A China espera que todas as partes no Sudão fortaleçam o diálogo e promovam em conjunto o processo de transição política”, acrescentou.

Boas parcerias

A China tem uma forte presença económica no Sudão, apesar da contínua turbulência política no país islâmico, desde que se dividiu em dois, em 2011, após a formação do Sudão do Sul, ao fim de décadas de guerra civil.

Mais de 130 empresas chinesas investem e operam no Sudão, que também abriga uma grande força de trabalho chinesa. A China é também o maior parceiro comercial do Sudão, com um volume de comércio total de 2,6 mil milhões de dólares, em 2021.

As empresas chinesas no Sudão estão envolvidas na construção de infra-estruturas, tendo uma participação de mercado de mais de 50 por cento em contratos de obras. De acordo com o Ministério do Comércio da China, foram assinados 40 novos contratos por empresas chinesas no Sudão em 2020, e o número de trabalhadores chineses no país ascendeu a 1.330, no final do mesmo ano.

O Comité dos Médicos Sudaneses afirmou, na sua última avaliação, que os combates entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RFS, na sigla em inglês, língua oficial a par do arábico) deixaram até agora 97 civis mortos e 942 feridos, a maioria dos quais na capital sudanesa. Apelou de novo a “uma paragem imediata desta guerra” e garantia de “uma passagem segura” para transportar os feridos e encurralados.

As principais organizações da sociedade civil e partidos políticos do Sudão apelaram em uníssono, durante o fim de semana, não só ao fim dos combates, mas também ao fim da “militarização” que dominou o “espaço público” no país durante décadas e, em particular, desde o derrube, há quatro anos, do ditador Omar Hassan al-Bashir.

O país africano foi governado, antes do início dos combates, por uma junta liderada pelo general Abdelfatá al Burhan, cujo “número dois” era o líder militar das RFS, Mohamed Hamdan Dagalo. Os desacordos entre os dois sobre a integração paramilitar num futuro exército unificado – um acordo anterior à formação de um novo governo de unidade liderado por civis – acabaram por degenerar neste conflito, que começou no sábado.

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