Guia Michelin quer “colocar Portugal no mapa da culinária mundial”

A gastronomia portuguesa está a evoluir rapidamente e o Guia Michelin quer colocar Portugal no mapa da culinária mundial, disse o director internacional da publicação, justificando a decisão de passar a apresentar a selecção de restaurantes de forma independente.

“Os nossos inspetores têm vindo a acompanhar a evolução da paisagem culinária, há anos. A decisão que partilhámos de publicar uma selecção dedicada é porque não só acreditamos no potencial da actual cena culinária portuguesa, mas também porque estamos ansiosos e acreditamos definitivamente que mais irá acontecer”, afirmou, em entrevista à Lusa, o director internacional do Guia Michelin, Gwendal Poullennec.

O responsável anunciou na semana passada, na gala de apresentação da edição de 2023 do Guia Michelin Espanha e Portugal, que decorreu na cidade espanhola de Toledo, que as cerimónias de apresentação das selecções de restaurantes dos dois países passarão a ser realizadas de forma separada, algo inédito em mais de uma década.

Portugal, disse, “é um lugar cada vez mais atraente para jantar fora e o cliente será ainda mais exigente e isso contribuirá para elevar a fasquia”. “Para nós, o futuro da cozinha portuguesa parece muito brilhante, com um ritmo de desenvolvimento realmente forte”, sustentou Poullennec.

“Queremos colocar Portugal no mapa da culinária mundial, com um espaço de tempo e um evento dedicados para colocar o centro das atenções na identidade culinária portuguesa”, comentou o director internacional.

O facto de Portugal passar a ter uma selecção autónoma e um evento próprio para o anúncio não é sinónimo de que os restaurantes nacionais venham a conquistar mais distinções ou mesmo a classificação máxima de três estrelas (‘cozinha excepcional, merece uma viagem’) – algo que nunca aconteceu até agora.

“Aplicamos a mesma metodologia em todo o mundo, não temos números predefinidos, nem comprometemos os nossos valores ou a nossa abordagem”, salientou.

Boas notas

Na edição do próximo ano do guia ibérico, Portugal conquistou cinco distinções de uma estrela (‘cozinha de grande nível, compensa parar’), totalizando 31 restaurantes com esta classificação e sete com duas estrelas (‘cozinha excelente, vale a pena o desvio’).

Instado a comentar o que falta aos restaurantes portugueses para alcançarem a distinção máxima, Gwendal Poullenec respondeu: “Talvez aconteça e esperemos que aconteça um dia”. “Há muitos países no mundo sem restaurantes a nível de três estrelas. A Tailândia, por exemplo, que é uma potência culinária, não tem restaurantes com três estrelas”, comentou.

O guia de 2023 reúne um total de 1.401 restaurantes em Espanha, Portugal e Andorra, incluindo 13 com três estrelas, 41 com duas estrelas e 235 com uma estrela, além de 831 recomendados pela sua qualidade (135 novos, 15 em Portugal).

Os inspectores do Guia Michelin, que trabalham de forma anónima, valorizam a qualidade dos produtos, o domínio dos pontos de cozinha e das texturas, o equilíbrio e harmonia dos sabores, a personalidade da cozinha e a regularidade.

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