Abandono | Irmãos encontrados mortos em avançado estado de decomposição

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A situação foi detectada na quarta-feira, após o alerta de um vizinho que estranhou não ver os dois irmãos há quase um mês. A irmã era responsável pelo irmão, que tinha problemas de mobilidade e raramente saía de casa

 

Dois irmãos idosos foram encontrados mortos em casa, de acordo com informação divulgada pela Polícia Judiciária (PJ). O caso foi classificado como descoberta de dois cadáveres, mas as autoridades admitiram ainda não ter elementos sobre todos os factos referentes ao caso.

Segundo o relato das autoridades, o alerta para a possível existência de dois cadáveres num prédio na Rua da Penha chegou ao Corpo de Bombeiros, pelas 16h42. Na origem do aviso esteve a preocupação de um vizinho que decidiu pedir ajuda às autoridades, depois de um longo período sem ver nenhum dos irmãos, um homem e uma mulher de idade avançada. O homem tinha problemas de mobilidade e estava dependente da irmã.

Ao forçarem a entrada na residência, os bombeiros depararam-se com dois corpos, em quartos separados, em avançado estado de decomposição. A informação revelada pela Polícia Judiciária na quarta-feira à noite, mostrava que as autoridades não sabiam qual dos irmãos tinha morrido primeiro.

Sobre a mulher, de 78 anos, foi referido que “terá morrido há mais de um mês”. A residente era responsável pelo irmão, de 74 anos, que estava dependente dos seus cuidados permanentes. Porém, o comunicado é pouco específico em relação ao irmão, limitando-se a dizer que “estava morto há muito tempo”.

O tempo das mortes indicado pelas autoridades, aponta para as semanas em que o território viveu uma situação de confinamento e ainda da prática de testes em massa regulares.

Além destas condições, os corpos não apresentavam marcas de maus-tratos, nem ferimentos que pudessem indiciar agressões ou outros crimes.

Apoios aos vizinhos

Após a revelação do caso, Agnes Lam, ex-deputada e académica, apelou, através das redes sociais, para que a população se mantenha atenta aos vizinhos. “Tomem conta dos vossos vizinhos e não deixem que esta tragédia volte a acontecer”, escreveu.

Também o ex-deputado Sulu Sou comentou a tragédia: “Todas as tragédias sociais são cometidas por homens, não acontecem devido a um simples acidente”, apontou.

Não é a primeira vez que pessoas isoladas são encontradas mortas em Macau várias semanas depois do óbito. Em Maio de 2020, uma mulher com 51 anos foi encontrada morta em casa com os dois cães, que também acabaram por morrer por falta de auxílio.

Nessa altura, e já no contexto de pandemia, Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau, apelou à proximidade entre a comunidade. “Face ao impacto da pandemia, já fui questionado por várias pessoas sobre o que podemos fazer para contribuir para ultrapassar a situação. Por isso, encorajo a comunidade que se preocupe não só com os familiares, mas também com os vizinhos e com as pessoas com quem se deparam todos os dias”, sublinhou.

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