Nancy Pelosi começa digressão pela Ásia. China expectante

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China escusou-se ontem a especificar a resposta que será dada se a líder do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, visitar Taiwan, referindo apenas que será prejudicial.

“Vamos esperar para ver”, afirmou Zhao Lijian, citado pela imprensa local.

O porta-voz explicou que o estatuto de Pelosi como “terceira pessoa mais importante do governo dos Estados Unidos” torna a sua potencial viagem a Taiwan numa situação “muito delicada”.

Se a viagem se confirmar, não importa “como nem quando”, irá “violar seriamente o ‘princípio de uma só China’”, disse Zhao, acrescentando que a visita terá “um impacto político negativo”.

Como alertou em intervenções recentes, o porta-voz insistiu que a China tomará “medidas firmes” para “defender a sua soberania e integridade”.

A líder do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosy, iniciou ontem em Singapura, uma digressão pela Ásia, marcada pela questão de saber se incluirá uma controversa visita a Taiwan.

Nancy Pelosi já abordou, entretanto, a questão com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, durante uma reunião realizada ontem de manhã.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Singapura, Pelosi e Lee Hsien Loong “trocaram opiniões sobre as respectivas posições” em algumas questões-chave regionais e internacionais.

A conversa abordou “as relações com o estreito (da Formosa)”, ou seja, entre a República Popular da China e Taiwan.

Pelosi estará em Singapura também hoje, viajando depois para a Malásia, Coreia do Sul e Japão, segundo a Casa Branca, que se escusou a confirmar, por razões de segurança, se a delegação irá ainda a Taiwan.

A confirmar-se, a visita de Pelosi a Taiwan será a primeira de um presidente da câmara dos representantes dos EUA desde 1997, quando o republicano Newt Gingrich foi àquela ilha.

 

Análises e alertas

O Governo chinês deixou claro que essa viagem será entendida como uma ameaça, tendo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, avisado que o gigante asiático “responderá com firmeza” ao que considera uma provocação e que os EUA terão de “assumir todas as consequências” decorrentes.

Além de Taiwan, Pelosi e Lee Hsien Loong discutiram a guerra na Ucrânia, uma das questões que mais atritos provocam entre a China e os Estados Unidos, além das alterações climáticas no cenário internacional.

O primeiro-ministro de Singapura, país que se assume como equidistante entre a China e os Estados Unidos – fortes parceiros económico e de segurança, respetivamente – salientou a importância de “uma relação estável entre a China e os EUA para a paz e a segurança regional”.

Lee também saudou o “forte compromisso” com a região expresso pela delegação dos EUA, face à crescente influência da China na zona, e os dois discutiram formas de aprofundar a influência económica norte-americana através de iniciativas como a do Indo-Pacific Economic Framework (IPEF).

Lançado em maio passado, o IPEF é um novo esquema de cooperação regional que visa promover o comércio e o investimento entre os EUA e uma dezena de países da região, reunindo países que integram o grupo Quad (EUA, Japão, Índia e Austrália) e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

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