Teatro | Associação Rota das Artes escreve e encena dramaturgia feminina

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A Associação Rota das Artes e a encenadora de Macau Cheong Kin I vão orientar cursos de formação a encenadores locais no Verão de 2023. Sob o tema da dramaturgia feminina, serão criadas e encenadas seis peças originais. Enquanto veículo de expressão artística, a escrita teatral será usada para explorar sem tabus as definições de feminilidade

 

“Escrita feminina” é o tema central das próximas sessões de formação em teatro organizadas pela Associação Rota das Artes e a encenadora local Cheong Kin I. Esta será a segunda edição do projecto, que está marcado para o Verão de 2023.

Segundo uma nota de imprensa da Associação Rota das Artes, para esta edição o desafio dirigido a criadores inclui a escrita de seis peças originais, tendo como tema central a dramaturgia feminina. Os artistas de Macau convidados a criar as obras são Chan Sio Fong, Ieong Lai Kei, Lam Lai Sam, Lau Nga Man, Wong Ka Lan e Yo Leong. Os textos serão materializados em leituras encenadas para o público, sob a batuta de Cheong Kin I.

Além da participação de Cheong Kin I, formada em encenação pela Universidade Nacional de Artes de Taipé, Taiwan, o projecto conta ainda com o trabalho de Lin Hsiang Chun, escritora e proprietária da livraria “Júbilo 31 Books”, que analisou, no primeiro ano dos cursos de formação, em 2021, obras ocidentais e japonesas.

Por sua vez, Brena Tai, formada na Universidade Nacional Normal de Taiwan, e Cheng-Han Wu, investigador de teatro da Universidade Nacional de Taiwan, também participam na iniciativa, ao ministrarem cursos sobre literatura feminina. Olivia Chen, encenadora de Taiwan e residente em Macau, vai acompanhar as formandas durante o processo da escrita de peças.

Só chinês

Os cursos de escrita dramatúrgica orientados por Cheong Kin I serão apenas em chinês, sendo que no último ano do projecto, em 2024, serão encenados os dois melhores argumentos. Ao HM, a artista revelou ter como objectivo “explorar diversos formatos de espectáculos que não se limitem às representações teatrais mais convencionais”.
“Procurei, no primeiro ano de formação, integrar e aprofundar as discussões sobre a sexualidade e o género feminino. Mas o objectivo não é apenas abordar a feminilidade como matéria ou tema, mas sim como forma e estrutura, neste caso recorrendo à expressão teatral”, acrescentou.

O tema “escrita feminina” tem como origem as obras de Hélène Cixous, que defendia que as mulheres deveriam escrever sobre elas próprias a fim de fazer face aos sistemas de escrita dominados pelos homens à época, disse a encenadora.

Neste caso, a exploração do tema da feminilidade não se cinge apenas à mulher, mas sim à “tentativa de sair de uma determinada estrutura, um quadro convencional ou ir além de estereótipos”. “É algo que também atinge os homens e pessoas de outros géneros, onde procuramos identificar as vozes ignoradas, esquecidas ou mesmo oprimidas”, adiantou.

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