Definidas três áreas-chave. Governo diz que é “cedo” para anunciar fim do surto

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Entre hoje e amanhã, cerca de 30 mil pessoas que trabalham e moram nas áreas envolventes ao Jardim da Areia Preta, Estrada Marginal do Hipódromo e Avenida Venceslau de Morais estão obrigadas a fazer um teste de ácido nucleico. Apesar de não haver casos comunitários há dois dias, Leong Iek Hou apontou que “ainda é cedo” para anunciar o fim do surto de covid-19 em Macau

 

A chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis Leong Iek Hou, anunciou ontem a definição de três novas zonas-chave, implicando que as cerca de 30.000 pessoas que trabalham ou moram nas áreas envolventes ao Jardim da Areia Preta, Estrada Marginal do Hipódromo e Avenida Venceslau de Morais tenham de fazer um teste de ácido nucleico entre hoje e amanhã.

“Com o intuito de detectar o mais cedo possível infectados ocultos e proporcionar tratamento precoce aos casos aí identificados, temos classificado zonas-chave (…) e vamos realizar uma despistagem através da realização de testes de ácido nucleico. [Desta feita], vamos incluir o Jardim da Areia Preta, a Estrada Marginal do Hipódromo e a zona da Avenida Venceslau de Morais [como zonas-chave]”, começou por anunciar Leong Iek Hou.

“Os indivíduos que moram, trabalham ou que tenham estado nestas zonas por um período superior a 30 minutos a contar do dia 22 de Julho, vão ter de efectuar um teste de ácido nucleico (…) nos dias 26 [hoje] ou 27 [amanhã]”, acrescentou.

Segundo a médica, a medida irá implicar a testagem de cerca de 30.000 pessoas, já que a área definida abarca, entre outras, a Rua da Pérola Oriental e a Rua Nova da Areia Preta, apontando não serem necessários testes diários como acontece na zona das Portas do Cerco e do Mercado do Iao Hon, porque nestas últimas “foram encontrados casos comunitários”.

Ainda falta

Questionada se o facto de não haver registo de casos comunitários durante dois dias consecutivos [ver caixa] poderá significar que o objectivo de debelar o surto que assola Macau desde 18 de Junho está praticamente concluído, Leong Iek Hou apontou que, apesar de a situação aparentar ser “ideal”, ainda é cedo para cantar vitória.

“Já há dois dias seguidos que não registamos qualquer caso comunitário, (…) terminámos a 13ª ronda de testes em massa e estamos a fazer testes aos grupos-alvo e zonas-alvo. Até agora, também não foram confirmados novos casos. Esta situação aparenta aproximar-se do cenário ideal, mas, na verdade, estamos a falar de um período de tempo muito curto e, por isso, ainda precisamos de ter uma perspectiva mais alargada para poder dizer como vai ser o futuro”, começou por dizer. “É muito cedo para dizer se vamos concretizar ou não o nosso objectivo, porque ainda estamos no período de consolidação. Os cidadãos devem continuar (…) a colaborar com o trabalho de prevenção epidémica, de forma a darmos por concluído, o mais rápido possível, este surto”, acrescentou.

No entanto, durante a conferência de imprensa, as autoridades admitiram estudar a possibilidade de deixar cair a obrigatoriedade de usar máscaras do tipo KN95 por outras menos exigentes. Isto, assim que a situação epidémica de Macau o permita. “No futuro, vamos estudar se é necessário ou não continuar a exigir à população o uso das máscaras KPN95. Uma vez que ainda estamos no período de consolidação, temos de continuar a observar se existem cadeias de transmissão ocultas, além de que as máscaras KN95 podem evitar a transmissão da covid-19. Está muito calor (…), mas sei que os cidadãos estão muito bem protegidos e não recebemos qualquer paciente no hospital relacionado com o calor”, disse médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Lei Wai Seng.

Sobre a abertura de mais trilhos e espaços de lazer, o responsável do CPSP, Lei Tak Fai, disse acreditar que o Governo irá “fazer ajustamentos”, de acordo “com as necessidades dos cidadãos”.

Comunidade sem casos

Não foram encontrados casos comunitários de covid-19 no domingo, informou ontem o Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus. No entanto, as autoridades detectaram quatro novos casos nas zonas de código vermelho e em hotéis de quarentena durante a fase de gestão e controlo. Desde 18 de Junho, Macau acumulou um total de 1.814 casos positivos, sendo que, até às 08h de ontem as autoridades acompanhavam 22.955 pessoas, 3.543 contactos próximos, 12.409 indivíduos com os mesmos itinerários dos casos confirmados, 1.361 indivíduos de contactos próximos por via secundária, 253 contactos gerais e 786 acompanhantes.

O bode externo

Questionada sobre se as autoridades de saúde já encontraram a fonte do surto de covid-19 que assola Macau desde 18 de Junho, Leong Iek Hou disse que, actualmente, a prioridade “é acabar com as cadeias de transmissão na comunidade” e não descobrir se o paciente zero foi “um produto” ou “um estrangeiro” que já não encontre em Macau. “Na verdade, as autoridades de saúde estão, neste momento, a utilizar diferentes formas para encontrar a fonte. Não só em Macau (…), mas em diversos locais é muito difícil encontrar o paciente zero, porque esta fonte pode ser um produto ou um estrangeiro que pode já não estar em Macau. Entretanto, isto não irá prejudicar os nossos trabalhos de prevenção epidémica. O mais importante é acabar com a cadeia de transmissão”, partilhou ontem a responsável.

DSAL | Disponíveis 126 vagas para recolha de amostras

O subdirector dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) revelou que existem 126 vagas disponíveis para técnicos de recolha de amostras nos testes à covid-19 e que foram contratados 94 locais entre 6 de Julho e sexta-feira. Em declarações ao programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, Chan U Tong indicou que cerca de 600 pessoas mostraram interesse em candidatar-se, com a maioria a desejar um emprego a tempo parcial, quando a maior necessidade de recursos humanos é referente a tempo inteiro.

O responsável disse ainda que os trabalhadores não-residentes servem apenas como complemento caso não existam profissionais suficientes para a função. Quanto à aprovação do recrutamento, por parte da DSAL, de 100 auxiliares de recolha de amostras do Interior da China, Chan U Tong explicou apenas que foram contratados 200 residentes para estes postas, mantendo a posição de que os não-residentes são apenas um complemento em matéria de recursos humanos.

Zonas vermelhas | Pedida definição de áreas circundantes

Um membro da Associação Geral das Mulheres quer as áreas circundantes das zonas vermelhas definidas com maior detalhe e que as autoridades expliquem os critérios utilizados para a demarcação das mesmas. Cheong Wun Ian, que também pertence do conselho consultivo dos serviços comunitários da zona norte, referiu ao jornal Ou Mun que há residentes preocupados com a possibilidade de o edifício onde moram estar numa área adjacente a uma zona vermelha, e que conhece casos de pessoas não foram notificadas pelas autoridades.

Neste sentido, pede melhorias ao sistema de notificações por mensagem de telemóvel e que sejam carregadas as informações das zonas afectadas no mapa relativo à pandemia o mais depressa possível. Cheong Wun Ian revelou ainda ter recebido queixas de pais que residem em zonas amarelas que preferem que os seus filhos façam testes covid-19 pela garganta e não pelo nariz.

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