Burla | Negócio de relógios termina em desfalque mais de 9 milhões

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Uma residente de Macau foi detida por se ter feito passar pelo dono de uma relojoaria no WeChat e desfalcado uma cliente em mais de 9 milhões de patacas num negócio que envolveu 40 relógios

 

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na quarta-feira, uma residente de Macau, de 37 anos, suspeita de burlar uma mulher do Interior da China em mais de 9 milhões patacas, através de um negócio que envolveu a transação de 40 relógios.

Em causa, está o facto de a suspeita se ter feito passar pelo dono de uma loja de relógios na Taipa, através do WeChat, para cancelar a entrega da totalidade da mercadoria previamente adquirida. De acordo com informações divulgadas ontem em conferência de imprensa pela PJ, o caso veio a lume quando a vítima decidiu apresentar queixa em Novembro de 2021.

A vítima terá conhecido a residente de Macau em 2020, altura em que a terá ajudado a comprar, sem sobressaltos, um relógio de luxo por 20 mil patacas. Estabelecida a relação de confiança, a suspeita voltou a entrar em contacto com a suspeita em Outubro de 2021, revelando conhecer o dono de uma loja em Macau que estaria disponível para fazer um preço especial na compra de relógios. Perante a oferta, a vítima mostrou-se interessada e, desde logo, mostrou vontade de adquirir 40 exemplares.

Apesar de o preço de cada relógio se situar entre as 100 mil e 1 milhão de patacas, a vítima prontificou-se a pagar a totalidade da encomenda através de transferência bancária e em dinheiro. Pouco tempo depois, tal como combinado, a vítima recebeu 21, dos 40 relógios que tinha comprado.

Falar pelos dois

No entanto, os restantes 19 relógios tardavam em chegar, levando a vítima a confrontar a residente de Macau sobre o atraso. Sem perder tempo, a suspeita criou um grupo de WeChat onde, para além das duas, estaria o dono da loja, que mais tarde, apurou a PJ, viria a tratar-se da própria suspeita. Nesse grupo, o falso dono da loja terá alegado “haver falta de stock” e que era preciso esperar mais um pouco. Ideia reforçada pela própria suspeita no grupo de WeChat, alegando ser “muito difícil arranjar” os relógios em questão.

As desculpas arrastaram-se durante mais de um mês, até que a vítima resolveu viajar até Macau para visitar a loja pelo seu próprio pé. Ao confrontar o dono do estabelecimento, este mostrou-se surpreendido, disse que nunca foi adicionado a qualquer grupo de WeChat, mas admitiu que a suspeita é uma cliente habitual e que tinha comprado 21 relógios.

Iniciada a investigação, a PJ apurou que o valor dos 19 relógios em falta era de 8,18 milhões de renminbis, ou seja, cerca de 9,6 milhões patacas. Seguindo no encalce da suspeita, a PJ dirigiu-se ao seu local de trabalho no NAPE e convidou-a a ir até à esquadra. Durante o interrogatório, a mulher admitiu que tinha fingido ser o dono da loja e que recebeu o dinheiro da vítima, mas recusou-se a dar mais informações.

O caso seguiu ontem para o Ministério Público, onde a residente de Macau irá responder pelos crimes burla de valor elevado e falsificação informática. A confirmar-se a acusação, a suspeita pode ser condenada a uma pena de prisão de 2 a 10 anos pelo primeiro crime e até 3 anos pelo segundo.

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