Patinagem | Dupla chinesa campeã olímpica. Valieva falha pódio no individual

Sui Wenjing e Han Cong conquistaram o ouro na vertente de pares da patinagem artística, alcançando uma medalha que fugia à China desde 2010. No individual, a russa Anna Shcherbakova arrebatou o ouro, numa prova onde Valieva não chegou ao pódio

Com Lusa 

 

A dupla Sui Wenjing e Han Cong conquistou no sábado a medalha de ouro na vertente de pares da patinagem artística, fechando assim o programa da modalidade com uma vitória em casa, naquele que foi o penúltimo dia de competição dos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022.

A consagração da dupla da casa chegou após Sui e Han alcançarem uma pontução total de 239.88, que resultou das notas máximas alcançadas tanto no deccorer do programa curto, como do programa livre. Depois de terem conquistado a prata em PyeongChang 2018 e no Mundial de 2021 e sucessivos pódios internacionais desde 2015, Sui Wenjing e Han Cong arrebataram finalmente o lugar mais alto do pódio.

A medalha de prata foi para a dupla do Comité Olímpico Russo, Evgenia Tarasova e Vladimir Morozov, que obtiveram uma pontuação de 239.25, tendo o bronze sido atribuído aos compatriotas Anastasia Mishina e Aleksandr Galliamov (237.71), invictos desde o mundial de 2021.

Com esta vitória, Sui Wenjing e Han Cong tornaram-se na segunda dupla chinesa na história dos Jogos Olímpicos de Inverno, a conquistar uma medalha de ouro na patinagem artística. Isto, após Shen Xue e Zhao Hongbo, terem sido campeões olímpicos em Vancouver 2010. Em declarações ao Olympic Chanel após a vitória, Sui Wenjing recordou o trabalho feito e as dificuldades.

“Passámos por muita coisa e, ao início, nem éramos tidos como favoritos. As pessoas diziam que éramos ‘zebras’, porque os nossos corpos não eram ‘feitos’ para a patinagem artística. Tradicionalmente, espera-se que os homens sejam altos e as mulheres pequenas”, disse Sui.

“Se não há um caminho, nós construímos o nosso próprio caminho e assim fazemos a nossa própria história”, completou a patinadora.

Vladimir Morozov, vice-campeão olímpico mostrou-se contente com a prata. “Não sentimos muito stress e acho que conseguimos patinar como um só. Trabalhámos muitos anos para conquistar esta medalha e, por isso, ela tem um significado muito grande”, afirmou.

Já Anastasia Mishina, medalha de bronze, afirmou estar já de olhos postos na próxima competição, com o objectivo de voltar a superar a dupla chinesa.

“Queremos a desforra, mas isso depende, claro, se nossos rivais vão continuar a competir”, apontou. Por sua vez, Aleksandr Galliamov, o seu par, exaltou os novos campeões olímpicos.

“Os que terminaram no primeiro e no segundo lugar, fizeram apresentações verdadeiramente fantásticas. São rivais de muito valor e nós estamos gratos por competir com estes atletas lendários”, disse.

Gelo fino

Na vertente individual, a russa Anna Shcherbakova sagrou-se campeã olímpica de patinagem artística, numa prova em que a sua compatriota Kamila Valieva, a favorita e figura central de uma polémica por doping, foi quarta.

Valieva, autorizada pelo Comité Olímpico Internacional (COI) a disputar o concurso individual depois de um problema com doping que suspendeu a entrega do ouro do concurso colectivo, não conseguiu segurar o primeiro lugar conseguido após o programa curto, e terminou o programa livre com uma pontuação total de 224,09, fora do pódio.

Aos 17 anos, Anna Shcherbakova juntou o título olímpico ao mundial, somando 255,95 pontos, à frente da compariota Alexandra Trusova (251,73) e da japonesa Kaori Sakamoto (233,13), medalhas de prata e bronze, respectivamente.

“Dei 100 por cento e deixei toda a minha energia no gelo. Ainda não caiu a ficha acerca do resultado. Preciso de tempo, porque estou feliz com a minha apresentação, mas ainda não assimilei que a competição acabou. Sinto-me como se ainda precisasse competir”, contou Anna Shcherbakova ao Olympic Chanel.

Kamila Valieva, que no programa de quinta-feira protagonizou vários desaires inesperados, tem estado no centro de uma polémica devido a um resultado positivo por doping que levou à sua suspensão, entretanto anulada, dos Jogos Pequim 2022.

A jovem russa, actual campeã europeia, testou positivo a trimetazidina no dia 25 de Dezembro, durante os campeonatos da Rússia, e foi suspensa já no decurso dos Jogos de Inverno, mas a decisão foi mais tarde levantada.

No dia 11 de Fevereiro, a Agência Russa Antidopagem (RUSADA) decidiu abrir um inquérito interno a todos os treinadores e médicos em torno de Valieva, que é “menor de idade” e, portanto, passível de ter visto os seus interesses mal defendidos por pessoas com essas funções.

Depois de o COI ter suspendido a entrega de medalhas da prova coletiva, que a Rússia venceu e na qual Valieva participou, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS, na sigla inglesa) autorizou a jovem atleta a manter-se nos Jogos de Pequim 2022 e a poder participar na prova individual.

Comitiva portuguesa acredita num futuro promissor após resultados inéditos

O chefe da Missão de Portugal aos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, Pedro Farromba, afirmou na quinta-feira, à chegada a Lisboa, que foram cumpridos todos os objectivos e que se abriram muitas portas para o crescimento dos desportos de Inverno.

“Foi uma missão muito completa em termos de resultados, tivemos três atletas, participámos em cinco competições e em três delas melhorámos os resultados anteriores, que era o objectivo que tínhamos definido antes de partirmos”, começou por dizer Pedro Farromba.

Farromba falou das condições difíceis de Yangqiing, na China, com as temperaturas a chegarem aos 22 graus negativos e ainda dos constrangimentos relativos à covid-19, mas garantiu que “a equipa estava motivada” e que todos os atletas, apesar de estreantes em Jogos Olímpicos mostraram “uma vontade muito grande de representar” o país.

“Acho que, para além dos resultados que obtivemos, que foram realmente excepcionais tendo em conta aquilo que é a nossa escala e dimensão, temos aqui um futuro promissor e abrem-se aqui muitas portas para continuarmos a trabalhar nos desportos de Inverno”, assumiu.

Farromba destacou ainda o trabalho do Comité Olímpico de Portugal e da Federação de Desportos de Inverno de Portugal, que abriu recentemente o Pavilhão de Gelo da Serra da Estrela.

“Independentemente das idades, todos têm ainda uma margem de progressão significativa. Acho que o gelo vai ter uma palavra importante no futuro, até pelo facto de a Federação ter aberto o Pavilhão de Gelo da Serra da Estrela, acho que vamos ter novidades interessantes nos próximos Jogos Olímpicos”, adiantou Farromba.

Trabalho e dedicação

Ricardo Brancal fez a sua estreia olímpica aos 25 anos e saiu de Pequim com o 37.º lugar na prova de slalom gigante e ainda com 39.º lugar na prova de slalom.

“Foi uma experiência única, foi a melhor experiência da minha vida e trabalhei para isso. A nível competitivo, o objectivo era melhorar as marcas anteriores, eu tinha dito que um top-50 seria muito bom e isso foi ultrapassado. Revela que houve trabalho e dedicação e que no momento certo as coisas correram bem. Podiam ter corrido muito mal, mas o apoio dos portugueses ajudou muito, ajudou-me a estar concentrado e focado no dia da prova e o resulto foi muito positivo para Portugal”, revelou o esquiador, que conseguiu melhorar o 66.º posto de Arthur Hanse em PeyongChang 2018 na disciplina.

Além de Brancal, Portugal contou com a participação de mais dois atletas. A esquiadora portuguesa Vanina Oliveira, de 19 anos, saiu de Pequim com um 46.º lugar na prova de slalom gigante e não terminou a prova de slalom, devido a um erro logo à saída da segunda manga.

Já José Cabeça, de 25 anos, terminou a prova de 15 km estilo clássico no esqui de fundo na 88.ª posição e tornou-se o melhor representante luso na disciplina nos Jogos Olímpicos.

Doping | Atleta ucraniana Lidiia Hunko testa positivo

A Agência Internacional de Testes (ITA) diz que a atleta ucraniana Lidiia Hunko testou positivo a um esteroide anabolizante nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022. A ITA disse o resultado foi apurado após a competição de bobsleigh, realizada na passada segunda-feira, na qual Lidiia Hunko terminou em 20.º lugar. Hunko é a terceira atleta a testar positivo para doping nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022 e a segunda da Ucrânia, depois da esquiadora de fundo Valnetyna Kaminska.

Nos três casos foi detectada a presença de um esteroide. A jovem de 28 anos ficou em segundo lugar no concurso Mundial da Mulher Mais Forte de 2016, de acordo com a biografia oficial de atleta das olimpíadas de Inverno que decorrem na capital chinesa.

China | Eileen Gu faz história no esqui de estilo livre

A jovem chinesa Eileen Gu, de 18 anos, tornou-se na primeira atleta do esqui de estilo livre a conquistar três medalhas na mesma edição dos Jogos de Inverno, ao sagrar-se campeã olímpica de ‘halfpipe’.

Com origens chinesas e norte-americanas, Eileen Gu juntou o ouro conquistado na sexta-feira ao conseguido na prova de ‘big air’ e à prata no ‘slopestyle’, repetindo as medalhas conseguidas em 2020 nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude.

“Fiquei emocionada, e disse para mim própria que merecia isto. Foi um belo final para esta aventura olímpica. Estou exausta, mas feliz. Acabei de ter as melhores duas semanas da minha vida”, afirmou Eileen Gu, no final da prova, na qual a canadiana Cassei Sharpe, que defendia o título, foi segunda e a sua compatriota Rachael Karker, terceira.

Nascida na Califórnia, filha de pai norte-americano e mãe chinesa, Eileen Gu, que ainda chegou a competir pelos Estados Unidos, estuda na universidade de Stanford e brilha como modelo, tendo já sido capa de várias revistas de moda.

Também na sexta-feira, na patinagem de velocidade, o holandês Thomas Krol juntou o título olímpico dos 1.000 metros ao europeu e à prata que já tinha ganho na prova dos 1.500 metros, deixando o canadiano Laurent Dubreuil no segundo lugar e o norueguês Havard Holmefjord no terceiro.

Na competição que encerrou o programa de biatlo feminino, a francesa Justine Braisaz-Bouchet, que não estava no lote das favoritas, conquistou o ouro na prova de largada em massa de 12,5 quilómetros.

Numa prova disputada com 13 graus negativos e uma humidade de 41 por cento, as norueguesas Tiril Eckhoff e Marte Olsbu, ficaram com a prata e com o bronze, respectivamente.

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