China / ÁsiaEconomia | Crescimento de 8,1% em 2021. Abrandamento no segundo semestre Hoje Macau - 18 Jan 2022 As previsões para este ano apontam para a continuação da desaceleração do crescimento, face aos novos surtos de covid-19 e aos problemas no sector imobiliário A economia chinesa cresceu 8,1 por cento, em 2021, mas registou um abrandamento abrupto no segundo semestre do ano, reflectindo a campanha lançada por Pequim para reduzir os níveis de alavancagem no sector imobiliário. Nos últimos três meses de 2021, o ritmo de crescimento homólogo da segunda maior economia do mundo abrandou para 4 por cento, abaixo do crescimento de 4,9 por cento alcançado no trimestre Julho-Setembro e do ritmo de 18,3 por cento, registado nos primeiros três meses de 2021. Os analistas alertaram que o abrandamento vai persistir, este ano, devido a novos surtos de covid-19 e aos esforços para reduzir a dívida no sector imobiliário. Isto pode ter repercussões globais ao deprimir a procura chinesa por aço, bens de consumo e outras importações. A China foi a primeira grande economia mundial a recuperar da pandemia da covid-19, mas a actividade desacelerou depois de Pequim ter restringido o acesso ao crédito no sector imobiliário. O imobiliário é o veículo de investimento favorito das famílias chinesas, compondo cerca de 30 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) chinês. Isto alimentou o nervosismo dos consumidores sobre os gastos e a ansiedade no mercado financeiro com possíveis incumprimentos entre as construtoras do país. “A pressão sobre o crescimento vai persistir, em 2022”, previu Tommy Wu, da consultora Oxford Economics, num relatório. A mesma fonte disse que o Governo chinês vai provavelmente lançar “apoio político” para manter o crescimento anual acima dos 5 por cento. O crescimento do consumo interno, o maior impulsionador da economia, caiu para apenas 0,2 por cento, em Dezembro, face a 3,9 por cento, no mês anterior. A subida do investimento em fábricas, imóveis e outros activos fixos desacelerou para 1,7 por cento, abaixo do nível de 4,9 por cento para o conjunto do ano, uma vez que as empresas cancelaram ou adiaram planos de construção. O Banco Mundial e os analistas do sector privado reduziram as perspectivas de crescimento para este ano, embora para níveis acima do previsto para a maioria das outras grandes economias. O banco central chinês reduziu ontem a sua taxa de juros para empréstimos de médio prazo para o nível mais baixo desde 2020, quando o país foi atingido pela pandemia. Recentes surtos do novo coronavírus levaram os líderes chineses a limitar as deslocações internas e impor medidas de confinamento em cidades importantes, como Tianjin e Xian. Analistas do sector dizem que o fabrico de ‘chips’ de processador e outros setores podem sofrer o impacto se a interrupção durar mais do que algumas semanas. “O momento económico permanece fraco, face a repetidos surtos do vírus e um sector imobiliário em dificuldades”, disse Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics, num relatório. Novos rumos Em comparação com o trimestre anterior, a forma como outras grandes economias são medidas, a economia chinesa cresceu 1,4 por cento, nos últimos três meses de 2021. Isto foi superior aos 0,2 por cento registados no trimestre Julho-Setembro. As exportações chinesas aumentaram 29,9 por cento, em 2021, em relação ao ano anterior, apesar da escassez global de semicondutores, necessários para fabricar telemóveis e outros bens e do racionamento de energia imposto em províncias importantes para o setor industrial. Os exportadores chineses beneficiaram do aumento da procura global numa altura em que os seus concorrentes estrangeiros enfrentavam medidas de prevenção epidémica. Mas os economistas dizem que o crescimento do comércio este ano deve enfraquecer e os volumes de exportação podem encolher devido ao congestionamento nos portos. “Com as cadeias de abastecimento já enfraquecidas, o aumento das exportações do ano passado não pode ser repetido”, disse Evans-Pritchard. As vendas de automóveis caíram pelo sétimo mês, em Novembro, contraindo 9,1 por cento, em relação ao ano anterior, o que reflecte a relutância do consumidor em se comprometer com grandes compras. Os líderes chineses estão a tentar direccionar a economia para um crescimento mais sustentável e baseado no consumo interno, em detrimento das exportações e investimento em grandes obras.