Saúde | Comunidade filipina em situação frágil devido a baixa literacia

Um estudo elaborado por académicos do Instituto de Enfermagem do Hospital Kiang Wu conclui que a comunidade filipina na RAEM está menos informada sobre cuidados de saúde do que compatriotas seus que trabalham noutras regiões

A comunidade Filipina em Macau tem grandes dificuldades em obter informação, conhecimentos e cuidados médicos. Esta é uma das conclusões de um estudo elaborado pelo Instituto de Enfermagem do Hospital Kiang Wu, publicado em Outubro na revista científica Healthcare.

No documento intitulado a “Literacia em Saúde entre os Trabalhadores Domésticos Filipinos em Macau”, os académicos Cheong Pak Leng, Wang Hui, Cheong Wan e Lam Mei Ieng estudaram os conhecimentos da comunidade, na perspectiva da literacia em saúde. Este conceito diz respeito à capacidade de acesso a informação, à sua compreensão e utilização de forma a promover e manter um estado de boa saúde.

Os 379 questionários válidos feitos na comunidade filipina de empregadas domésticas mostram que a maioria “não tem capacidade de aceder, compreender, avaliar e comunicar as suas necessidades face a diferentes situações do estado de saúde”. Os dados apurados demonstraram também que a proporção de indivíduos com conhecimentos para responder adequadamente ao estado de saúde é de 37,4 por cento em Macau, dado é inferior ao das comunidades filipinas em regiões como o Myanmar, Vietname, Indonésia, Cazaquistão, Malásia e Taiwan.

Os mais novos são os que estão menos atentos às questões de saúde e que menos conhecimentos têm. Porém, esta tendência é vista pelos autores como generalizada em grupos com poucas qualificações académicas.

Sobre os factores que contribuem para a baixa literacia, um dos principais é a falta de conhecimentos de chinês e inglês a um nível mais elevado. Em relação a este aspecto, os investigadores detectaram uma relação que explica que quanto melhor inglês falam, mais preparadas as pessoas se mostram. Contudo, o domínio do chinês é um desafio, porque apenas seis inquiridos disseram ter um bom nível. Ao mesmo tempo, 337 consideram o seu chinês “pobre”, enquanto 36 afirmaram ser “razoável”.

Condições de vida complicadas

O inquérito foi composto por 12 perguntas sobre a dificuldade ou facilidade a completar determinadas acções, como chamar uma ambulância, obter informações sobre o programa de vacinação de Macau ou pedir apoio caso sofram problemas mentais como depressão ou excesso de stress.

A acção que levantou mais problemas à comunidade de trabalhadores domésticos foi o conhecimento sobre as vacinas necessárias em Macau, com 45 por cento dos inquiridos a considerar muito difícil obter a informação. Este foi um ponto destacado pelos autores, uma vez que o inquérito foi feito numa altura de pandemia.

Os académicos sublinharam ainda que a população inquirida vive em condições de pobreza, com 39,6 por cento a sobreviver com um salário entre 4.001 e 4.500 patacas. Ainda mais abaixo, 36,7 por cento aufere rendimento igual ou inferior a 4.000 patacas, e apenas 17,4 por cento afirmou receber mensalmente um salário acima de 4.501 patacas.

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