Covid-19 | Senadores brasileiros temem que ataque de Bolsonaro à China afecte vacinação

A comissão criada pelo Senado brasileiro para investigar a gestão do Governo na pandemia manifestou temor de que as insinuações contra a China feitas na quarta-feira pelo Presidente, Jair Bolsonaro, prejudiquem a aquisição de vacinas.

O temor foi manifestado durante a sessão de quarta-feira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada pelo Senado brasileiro para identificar possíveis falhas e omissões do Governo de Bolsonaro no combate ao novo coronavírus no Brasil, um dos países mais afectados em todo o mundo e que totaliza 414.399 mortos e 14,9 milhões de infecções.

Numa cerimónia pública na quarta-feira, em Brasília, Bolsonaro, sem citar explicitamente a China, insinuou que o novo coronavírus pode ter sido criado em laboratório para uma “guerra química”.

Os legisladores avaliaram que as declarações do líder da extrema-direita brasileira possam incomodar o país asiático e prejudicar a importação de matéria-prima necessária à fabricação no Brasil da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, a mais utilizada até agora na campanha brasileira de imunização contra a doença.

“Acredito que a nossa situação de dependência de consumíveis (chineses) irá piorar com essa afirmação”, disse o presidente da CPI, senador Omar Aziz.

“Ele (Bolsonaro) chama de guerra química e nós estamos nas mãos dos chineses para importar o princípio activo da vacina. Não produzimos esse princípio activo no nosso país e não o produziremos tão rapidamente. Dependemos da Índia para alguns consumíveis e da China para outros. Este não é o momento para incomodar ninguém”, acrescentou Aziz.

Da boca para fora

Nas suas polémicas declarações, o chefe de Estado frisou que o SARS-CoV-2 é um vírus novo e que ninguém sabe se nasceu em laboratório.

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos a enfrentar uma nova guerra?”, declarou Bolsonaro​​​​​​​.

Tais afirmações contradizem os estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), que descartam que o vírus tenha sido fabricado em laboratório.

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