Seul condiciona aceitação de descarga de água radioactiva de Fukushima

A Coreia do Sul aceitará, caso sejam cumpridas algumas condições, o plano do Governo japonês para despejar gradualmente no mar águas tratadas, mas ainda radioactivas, da central nuclear destruída de Fukushima, segundo o Governo sul-coreano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Chung Eui-yong, afirmou ontem no Parlamento que o país pode levantar as suas objecções, se forem cumpridos dos padrões da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

“Se (o Japão) seguir os processos apropriados, de acordo com os padrões da AIEA, (o Governo sul-coreano) não tem nenhuma razão particular para se opor”, disse Chung.

Para haver acordo com Seul sobre o assunto, adiantou, o Japão deve apresentar provas e informações científicas suficientes e compartilhá-las, fazer consultas com antecedência e garantir a participação da Coreia do Sul no processo de verificação de segurança da AIEA.

“Em vez de se opor ao plano (abertamente), Seul está implacável e consistentemente a solicitar ao Japão (que aceite essas três coisas, enquanto dá prioridade à saúde e segurança da população”, observou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

O Enviado Presidencial Especial dos EUA para o Clima, John Kerry, afirmou no domingo que Washington está “confiante” sobre a consulta do Japão à AIEA sobre o plano.

Desde o anúncio do plano, na semana passada, a Coreia do Sul tem sido palco de protestos de pescadores, grupos ambientalistas e outras associações cívicas, que prosseguiram nos últimos dias.

Ontem, em Yeosu, sudoeste do país, cerca de 150 navios de pesca foram mobilizados para uma manifestação marítima, cenário que se repetiu noutros pontos do país.

Aprovação internacional

A Agência Internacional de Energia Atómica, das Nações Unidas, apoiou o plano do Japão para despejar gradualmente no mar águas tratadas, considerando reunidas as necessárias condições de segurança.

“Estou confiante de que o governo [japonês] continuará a interagir com todas as partes de uma forma transparente e aberta enquanto trabalha para implementar a decisão de hoje”, disse o director-geral da AIEA, Rafael Grossi, em comunicado.

Salientado que o despejo de águas está de acordo com a prática internacional e é tecnicamente viável, a organização manifesta ainda disponibilidade para dar apoio técnico na monitorização da implementação do plano.

De acordo com a AIEA, as descargas controladas de águas radioactivas no mar são usadas de forma rotineira por operadores de centrais nucleares em todo o mundo, sob autorizações regulatórias específicas com base em avaliações de impacto ambiental e de segurança.

As instalações de Fukushima Daiichi geraram toneladas de água contaminada que tiveram de ser armazenadas depois de usadas para arrefecer os núcleos parcialmente derretidos de três reatores.

Desde há anos que a empresa responsável pela central, a TEPCO, utiliza um sistema para filtrar aquela água e eliminar todos os seus isótopos radioactivos com exceção do trítio.

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