Grande Plano MancheteCovid-19 | Vacinação começa hoje, Wong Sio Chak, Elsie Ao Ieong e Lei Chin Ion dão o exemplo João Luz - 9 Fev 20219 Fev 2021 Começa hoje a vacinação contra a covid-19 para grupos prioritários, incluindo pessoal médico, polícias, bombeiros e também profissionais de elevado grau de exposição como motoristas de autocarro, professores e croupiers. Lei Chin Ion, Wong Sio Chak e Elsie Ao Ieong vão ser vacinados no dia de estreia do programa. Os restantes residentes podem inscrever-se hoje, mas só serão inoculados a partir de 22 de Fevereiro Hoje é o primeiro dia do resto da vida dos residentes de Macau, após mais de um ano de constrangimentos, crise e pavor causado pela pandemia da covid-19. A página começa hoje a ser virada, com a administração das primeiras vacinas, destinadas aos grupos de maior risco, como os profissionais da linha da frente e pessoas cujas empregos pressupõem elevado grau de exposição (professores, motoristas, profissionais que contactem com produtos congelados importados, funcionários de lares de idosos e croupiers). Além destes dois grupos, a primeira fase do programa de vacinação abrange também quem tenha necessidade de viajar para zonas consideradas de alto risco, ou seja, onde se registem surtos comunitários. Os restantes residentes podem registar-se a partir do meio-dia de hoje, na plataforma disponibilizada pelo Governo, mas as vacinas só vão ser administradas na segunda fase, a partir de 22 de Fevereiro. A terceira fase, destinada a não residentes, incluindo titulares do título de identificação de trabalhador não residente e alunos legalmente autorizados a permanecer na RAEM, ainda não tem data marcada. Os responsáveis do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus referiram ontem que é preciso observar o andamento das primeiras duas fases de vacinação, antes de marcar uma data para vacinar não residentes. Porém, o médico Alvis Lo Iek Long adiantou que se os trabalhadores não residentes, por natureza das suas profissões, estiverem incluídos nos grupos prioritários já se podem inscrever para tomar a vacina. Estes grupos vão ter acesso gratuito à vacina, que se destina a pessoas com idade igual ou superior a 18 anos e inferior a 60 anos, bem como a pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com boas condições de saúde e maior risco de exposição. Os restantes não residentes de Macau, mas legalmente autorizados a permanecer no território, vão pagar a taxa de administração da vacina, que custa 250 patacas por cada dose, incluindo familiares de trabalhadores não residentes que estejam agregados ao bluecard. Passos práticos À semelhança do que acontece com a marcação para fazer o teste de ácido nucleico, a inscrição para o programa de vacinação pode ser feito online, através da leitura de um código QR, que encaminha para o portal onde está alojado o sistema de vacinação. Alvis Leong Iek Hou, do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, acrescentou que se os utentes com dificuldades na utilização da plataforma, “podem deslocar-se a oito pontos do Instituto de Acção Social e recorrer ao apoio dos funcionários”. Para já, as autoridades de saúde revelaram que as pessoas incluídas nos grupos prioritários, abrangidas pela primeira fase do programa, têm a inscrição facilitada. Os serviços públicos, como forças de segurança, profissionais de saúde ou serviços de alfândega procederam a à listagem dos quadros destinatários da vacina. Quanto aos privados, as autoridades de saúde entraram, ou vão entrar, em contacto com empresas como casinos, escolas para fazer uma lista de profissionais que vão receber a vacina. No entanto, para já, o Governo ainda não tem uma noção exacta do número de pessoas abrangidas na primeira fase do programa. As autoridades de saúde preferiram não adiantar uma estimativa para o número de pessoas vacinadas hoje, ou para a capacidade total de administração de doses diárias. “Ainda estamos em fase de preparação, só amanhã [hoje] divulgamos quantas pessoas receberam a vacina”, comentou Alvis Lo Iek Long, médico e membro da direcção Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). Para já, o hospital público e os centros de saúde vão ser os pontos de vacinação, cenário que pode mudar ao longo do programa. Em relação à afluência, Alvis Lo Iek Long, colocou água na fervura: “Acho que antes do Ano Novo Chinês não vão ser vacinadas muitas pessoas, só depois”, previu o médico. Governo da linha da frente Na conferência de imprensa de ontem do Centro de Coordenação de Contingência, não foi referido se o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, está entre o grupo de “pioneiros” que vão tomar a vacina da farmacêutica Sinopharm no primeiro dia do programa. De acordo com o Gabinete de Comunicação Social, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, será um dos primeiros dirigentes a ser inoculado, assim como a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong e o director dos Serviços de Saúde Lei Chin Ion. Em declarações à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa, Wong Sio Chak afirmou que os serviços da sua tutela estão a contar o número de trabalhadores da linha de frente que se inscreveram para receber a vacina contra a covid-19, realçando que a vacinação é voluntária. Citado pelo GCS, o secretário para a Segurança fez questão de realçar que escolheu “a injecção da vacina de Sinopharm devido a ter confiança nas vacinas da China continental”, e que a sua postura deve servir de exemplo aos profissionais da sua tutela. O governante avançou que há cerca de 1300 a 1400 agentes policiais nos postos fronteiriços, bem como mais de 1000 agentes no corpo de bombeiros, no entanto, referiu que ainda não conhece a dimensão do universo de pessoas da linha da frente da sua tutela que precisam ser vacinados, mas adiantou que a inoculação “não reflecte o trabalho por turnos destes agentes”. Fidelidade ganha corrida Outra questão anunciada ontem foi que o seguro de saúde que irá cobrir reacções adversas e efeitos colaterais da vacina será da responsabilidade da seguradora Fidelidade Macau. O médico adiantou que o Governo interpelou 25 empresas, e recebeu no total 10 propostas. Após análise, entre as cinco melhores propostas, foi escolhida a Fidelidade de Macau para o seguro colectivo, válido por um período de um ano. Alvis Lo Iek Long afirmou que o prémio do seguro vai depender da situação concreta, “se houver mais pessoas vacinadas, o prémio será inferior”. Porém, em caso de efeitos secundários ou reacções adversas que resultem na morte ou incapacidade permanente do segurado, a cobertura máxima será de 1 milhão de patacas, um valor que terá uma redução de 50 por cento para pessoas com mais de 70 anos e o prazo para requerer o pagamento é reduzido para três meses. O médico acrescentou que os Serviços de Saúde assumem a responsabilidade pelos custos resultantes de efeitos secundários da vacinação. Revisão sem pares Depois da chegada a Macau do primeiro lote de 100 vacinas, da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm, o Governo de Hong Kong demarcou-se da política de autorização da vacina adoptada pelo Executivo de Ho Iat Seng. Citado pelo South China Morning Post, um conselheiro médico do Governo de Carrie Lam na questão das vacinas, destacou que, até agora, as farmacêuticas chinesas Sinovac e a Sinopharm não passaram às autoridades das regiões administrativas especiais dados definitivos sobre os limites de idade para a vacinação, efeitos secundários graves nas fases de teste, e níveis de anticorpos resultantes da inoculação e eficácia para prevenir a contaminação das várias variantes da covid-19. David Hui Shu-cheong acrescentou que Hong Kong respeita os padrões internacionais de aprovação das vacinas, e a apresentação de resultados da 3ª fase dos testes é essencial os cumprir os standards. Algo que não aconteceu com as vacinas do primeiro lote que começam a ser administradas hoje em Macau. Também Carrie Lam defendeu a abordagem diferença entre as regiões administrativas especiais, adiantando que o Governo Central compreende que enquadramento legal de Hong Kong para o uso de vacinas com urgência incluiu a avaliação de acordo com o método científico antes da aprovação do fármaco, ou seja, todos os dados resultantes das três fases de teste devem ser publicados e sujeitos a revisão de pares. Algo que Alvis Lo Iek Long não considera necessário. “Em relação a todas as vacinas que vão entrar em Macau, nós temos um departamento responsável que avalia as vacinas antes de autorizar a sua entrada no território. Além disso, as autoridades nacionais também já autorizaram. Acredito que a autoridade farmacêutica do Interior da China, como é uma entidade rigorosa, já fez uma avaliação rigorosa, por isso não precisam estar preocupados”, frisou o médico. Quanto aos estudos necessários, Alvis Lo Iek Long argumentou que a Sinopharm apresentou resultados de vários estudos, que foram encaminhados para as entidades competentes. “Se observarem as revistas científicas, estas só publicam uma versão simples e geral dos estudos”, acrescentou ontem o médico. Além da vacina da Sinopharm, o Governo de Macau deu “luz verde” também à compra da “vacina de mRNA da Fosun-BioNTech” e da AstraZeneca e participa ainda no plano global de aquisição colectiva promovido pela Organização Mundial da Saúde e pela Aliança Global para Vacinas e Imunização, para aquisição de algumas vacinas. Mais 100.000 doses da Fosun-BioNtech poderão chegar ainda este mês. Cirurgias | SS garantem que tratamentos em Hong Kong continuam Alvis Lo, médico dos Serviços de Saúde (SS), garantiu ontem que os tratamentos em Hong Kong continuam apesar das restrições nas fronteiras. Há também tratamentos a ser feitos com especialistas do interior da China, assegurou. Segundo o responsável, a quarentena não determina a impossibilidade de prestar cuidados médicos. “Claro que há alguma inconveniência na circulação de pessoas entre Hong Kong e Macau, mas ainda não suscita problemas em relação aos casos graves. E também temos um mecanismo de cooperação com especialistas do interior da China. Por enquanto, não verificámos casos que não conseguimos resolver”, afirmou, sem especificar quantos casos foram tratados no exterior de Macau. O HM noticiou a semana passada de que os doentes que necessitem de intervenções cirúrgicas ao coração e pulmões estão sem acesso a estes tratamentos devido às actuais restrições impostas no âmbito da pandemia, uma vez que os médicos de Hong Kong não se podem deslocar ao território. Por norma os SS também enviam doentes urgentes para um hospital em Cantão, mas, neste momento, existem restrições à entrada de estrangeiros no país devido à covid-19, o que pode afectar os residentes não chineses de Macau. No Centro Hospitalar Conde de São Januário não existe uma unidade de cirurgia cardíaca e torácica. Até agora muitos dos pacientes têm sido também operados no hospital Kiang Wu.