Óbvio desfecho

[dropcap]P[/dropcap]ermitam-me molhar o dedo grande do pé noutra água de comentário que não seja a pandemia. Ontem foi noticiado que o inquérito instaurado a Wang Sai Man foi arquivado. O desfecho expectável para o deputado “eleito” indirectamente e que já ocupa funções no hemiciclo anuindo docilmente a todas as posições do Executivo, depois de ter infringido a lei eleitoral em directo na televisão. A lei é clara neste aspecto.

Quem falar do seu programa político nas imediações do local de voto, no dia do “sufrágio”, está a fazer a campanha eleitoral. A situação é toda ela caricata. Enquanto candidato único na “eleição”, não havia necessidade de fazer campanha. O arquivamento do inquérito é justificado pela ausência de dolo do, à altura, candidato único, critério que não está na lei. Mas a malta dá um jeitinho com imaginação e lá safa a coisa.

O MP podia ter ido mais longe e dizer que Wang Sai Man não poderia ter intenção de fazer campanha eleitoral à boca das urnas por não ter nada a ganhar com isso. Mais pareceu desconhecimento da lei, o que para quem se candidata a deputado não é um bom cartão de visita. A chatice é que desconhecimento da lei não significa isenção de responsabilidade. A politização da justiça nestes casos é gritante, tão óbvia que dói.

Não dava jeito repetir uma eleição fantoche. Da mesma forma que o juramento à porta fechada feito pelo presidente da Assembleia Legislativa infringiu a lei que exigia que este fosse feito publicamente. Arranjou-se um funcionário, que por acaso era fotógrafo, e está feito. Tudo isto é desnecessário. Mas o poder político em Macau não consegue parar de mostrar o mais completo desrespeito pela lei. Pena que a justiça o permita.

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