BNU | Presidente admite queda até 20% nos resultados de 2020

Carlos Álvares, presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) admitiu ontem que os resultados para este ano podem cair entre os 10 e os 20 por cento. A revisão em alta das perdas, surge depois da situação pandémica do novo tipo de coronavírus estar a “alastrar em todo o mundo”

 

[dropcap]O[/dropcap] presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau admitiu ontem que os resultados da instituição podem cair, este ano, entre 10 e 20 por cento devido ao impacto económico da pandemia da covid-19.

“No ano passado o crescimento foi de 24 por cento, o que foi bastante interessante. Acredito que este ano os resultados do banco possam cair entre os 10 e os 20 por cento”, afirmou à Lusa, Carlos Álvares, líder da instituição que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos.

“Inicialmente estimava não ser superior a 10 por cento”, uma previsão que teve de rever face “à gravidade (…) e ao alastrar da situação em todo o mundo”, explicou.

A margem financeira do banco tem-se comportado razoavelmente bem, semelhante ao ano passado, mas as comissões caíram e os custos aumentaram, explicou o responsável, lembrando, por exemplo, que a queda significativa na área das comissões explica-se facilmente: “há muito menos transações, não há viagens ao estrangeiro, as pessoas não utilizam os cartões”.

Por outro lado, “o banco teve um cuidado muito grande com as pessoas, com a sua equipa, e isso obviamente reflecte-se em termos de custos”, acrescentou. Um factor positivo, ainda com base nos dados de Fevereiro, é que a instituição não sentiu um aumento no crédito malparado.

Condições únicas

“O Governo (…), a associação de bancos e todos os bancos concederam períodos de carência de capital por seis meses para quem o pediu e, portanto, até à data não sentimos situações de incumprimento que levassem ao aumento de imparidades”, indicou.

A “almofada financeira em Macau” dá “condições únicas para resistir a este problema gravíssimo que alastra por todo o lado”, mas muito irá depender da “capacidade de recuperação do negócio dos casinos e com a abertura dos vistos individuais para os turistas chineses”, salientou.

Carlos Álvares sublinhou ainda que o banco tem “quotas interessantes nos casinos” e “no sector governamental”, mas não entre as micro, pequenas e médias empresas (PME), “trabalhando activamente” apenas com três mil das cerca de 40 mil que operam em Macau.

“Por outro lado, também abrimos linhas especiais para pagamento de salários e para pagamento de rendas e também para investimento [em] equipamento médico e tem havido alguma procura, mas não é uma coisa brutal”, frisou.

Ser responsável

O presidente do BNU defendeu que o Governo foi rápido a tomar medidas de apoio às empresas e população. “Se somarmos a tentativa do aumento do consumo, a protecção das PME e o aumento dos gastos públicos com obras, penso que está a tocar os diferentes pilares que fazem com que a economia ande, depois é (…) ver a dose que será necessário utilizar”, comentou.

Em relação à responsabilidade social que o chefe do Governo de Macau exigiu neste momento de crise aos grandes agentes económicos no território, as operadoras que exploram o jogo, Carlos Álvares elencou uma lista de acções promovidas pelo banco que custaram cerca de 4,5 milhões de patacas no ano passado em vários sectores da sociedade.

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