Elogio merecido

[dropcap]M[/dropcap]uitas vezes esta canina coluna serviu para apontar o dedo à incompetência e à displicência perante a forma como se gere a coisa pública em Macau. Hoje não é um desses dias. Apesar de ter acompanhado de longe, não posso deixar de felicitar a determinação da resposta do Executivo de Macau para conter, dentro do possível, o surto de uma doença desconhecida até agora. Como é natural, não vivemos num mundo perfeito e o Governo, que tomou posse há pouquíssimo tempo, tem tomado decisões difíceis sob imensa pressão.

Por exemplo, os critérios usados para determinar que tipo de negócios ou serviços precisam fechar as portas, a questão da entrada e saída de pessoas do território numa das fronteiras mais complexas do mundo em termos jurídicos e políticos, ou a forma como o Governo tem lidado com os residentes que se encontram ainda na província de Hubei. Estes são alguns dos problemas de resolução mais complicada que o Executivo de Ho Iat Seng enfrenta.

Mas a seriedade com que lidou com esta ameaça contrasta com a relativização perigosa que, por exemplo, os governos europeus têm demonstrado. Em oito semanas, o Covid- 19 fez quase o triplo das vítimas mortais que o SARS fez em oito meses. O número de infectados é quase 10 vezes superior. Vamos todos respirar fundo e reflectir um pouco sobre estes números. Obviamente que não é razão para pânico, circunstância que nunca ajuda. Ainda assim, a desvalorização e a comparação perigosa à simples gripe espalham-se na Europa quase ao ritmo da propagação do surto.

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