[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês reiterou ontem o objectivo de reunificar Taiwan através da fórmula ‘Um País, Dois Sistemas’, apesar da vitória do partido pró-independência nas eleições presidenciais e legislativas no sábado passado.
O porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, Ma Xiaoguang, disse que Pequim vai continuar a insistir no chamado ‘Consenso de 92’, que reconhece tanto Taiwan, como a China continental como parte de uma única nação chinesa. “Não nos envolvemos ou criticamos as eleições de Taiwan. Estas eleições locais em Taiwan não podem mudar o ‘status’ de Taiwan como parte da China”, frisou Ma, em conferência de imprensa.
O porta-voz não repetiu abertamente a ameaça da China de usar a força, se necessário, para reunificar Taiwan, mas afirmou que as autoridades de Taiwan precisam de “reflectir profundamente” e afirmou que o apelo para seguir aquela via tem crescido entre o público chinês.
Ma indicou que sistemas políticos diferentes não constituem “um obstáculo à unificação, nem uma desculpa” para manter o estado actual de Taiwan como um território de facto independente.
Preço alto
A Presidente reeleita de Taiwan respondeu argumentando que a China deve aceitar que o território é um país independente, alertando que qualquer tentativa de reunificação pela força teria um alto custo para Pequim.
Na primeira entrevista desde a reeleição, Tsai Ing-wen, de 63 anos, disse sentir que a proclamação de independência por Taiwan não é, contudo, necessária.
“Não precisamos de declarar que somos um Estado independente”, disse à cadeia televisiva britânica BBC. “Nós já somos um país independente, chamado República da China, Taiwan”, sublinhou. “Temos uma identidade especial e somos um país como tal”, defendeu Tsai. “Somos uma democracia bem-sucedida, temos uma economia bastante sólida, merecemos o respeito da China”, realçou. Tsai alertou ainda contra qualquer iniciativa militar de Pequim: “Invadir Taiwan seria muito caro para a China”.