Hong Kong | PM chinês pede a Carrie Lam que analise problemas sociais

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês considerou ontem que os protestos em Hong Kong prejudicaram a sociedade da região semi-autónoma “em todas as frentes” e apelou à chefe do Executivo local que analise os problemas sociais na cidade.
Durante uma reunião com a líder do território, Carrie Lam, Li Keqiang pediu-lhe que analise os “conflitos e problemas profundamente enraizados” em Hong Kong e que acabe com a violência e o caos nas ruas.
Lam está em Pequim para reunir com Li e o Presidente chinês, Xi Jinping, na sua primeira visita à capital chinesa desde que os candidatos pró-democracia venceram as eleições para os conselhos distritais em Hong Kong, no mês passado, reflectindo o descontentamento popular com a sua governação e o amplo apoio aos protestos que há seis meses abalam o território.
“O Governo central reconhece plenamente os seus esforços, mas Hong Kong ainda não superou as dificuldades: o governo da cidade deve continuar a fazer esforços para conter a violência e acabar com o caos, de acordo com a lei, e restaurar a ordem”, disse Li, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.
O primeiro-ministro chinês lamentou ainda a recessão que atinge a economia de Hong Kong: “Podemos dizer que a cidade está a enfrentar uma situação sem precedentes, grave e complicada”, realçou.

Regresso à anormalidade

O encontro decorreu no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen. O vice-primeiro-ministro chinês Han Zheng, o director do gabinete de ligação de Pequim em Hong Kong, Wang Zhimin, e o director do gabinete para os assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Zhang Xiaoming, também estiveram presentes, segundo o SCMP.
“Ao longo do ano, a nossa política, economia e sociedade enfrentaram realmente graves problemas”, admitiu Lam, durante a reunião com Li, citada pelo jornal.
Hong Kong é há seis meses palco de manifestações, iniciadas por um projecto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e, entretanto, retirado, mas que se transformou num movimento que exige reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no território.
Os protestos têm assumido contornos cada vez mais violentos, com actos de vandalismo e confrontos com as forças de segurança.
Na noite de domingo, manifestantes atiraram tijolos contra a polícia, que respondeu com disparos de gás lacrimogéneo. Segundo as autoridades, os manifestantes incendiaram barricadas, bloquearam estradas e partiram semáforos com martelos.
A violência e os confrontos em vários centros comerciais da região, no domingo, onde a polícia usou ainda gás pimenta e fez várias detenções, puseram fim a uma pausa de duas semanas nos confrontos entre polícia e manifestantes.

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