Crime | Seis farmácias envolvidas em esquema de falsificação de documentos

A Polícia Judiciária deteve um homem e uma mulher, por alegado envolvimento num lucrativo esquema de falsificação de recibos médicos do modelo M7. O alerta foi dado depois de uma seguradora ter alertado os serviços de saúde para comportamentos suspeitos envolvendo algumas clínicas de Macau. Os dois suspeitos são agora arguidos no caso

 
[dropcap]D[/dropcap]ois residentes de Macau, um homem de 63 anos, responsável por uma farmácia e uma mulher de 51, trabalhadora num estabelecimento de venda de carne congelada, foram constituídos arguidos pela Polícia Judiciária por envolvimento num caso de falsificação de documentos. A informação foi revelada pela Polícia Judiciária, ontem, numa conferência de imprensa.
Tudo começou quando em Maio de 2018, uma empresa de seguros de Macau alertou os serviços de saúde para comportamentos suspeitos envolvendo algumas clínicas de Macau que, em coordenação com “trabalhadores de alguns casinos”, emitiam falsificações de recibos do modelo M7. Os recibos serviam para requerer prémios de seguro indevidos e, após a denúncia feita pelos serviços de saúde ao Ministério Público, o caso foi transferido à PJ para investigação.
“Os agentes da Polícia, após terem questionado 40 trabalhadores dos casinos envolvidos, ficaram a saber que estes, após terem requerido medicamentos ou mercadorias, recebiam de farmácias chinesas recibos do Modelo M7, para que pudessem pedir reembolsos à seguradora, sem que tivesse sido realizada qualquer consulta ou se tivessem deslocado às clínicas envolvidas”, referiu a porta-voz da Polícia Judiciária Lei Hon Nei.

De serviço

A partir daqui a PJ identificou e enviou um comando de buscas às seis farmácias chinesas envolvidas no esquema de emissão de recibos do Modelo M7 falsificados.
“A Polícia deslocou-se por diversas ocasiões aos estabelecimentos para ficar a conhecer o modo de funcionamento daquelas farmácias e descobriu que algumas emitiram recibos médicos M7, mas sem presença de qualquer médico”, referiu a PJ.
Uma das farmácias identificadas fica na zona da Areia Preta, onde foram apreendidos 57 recibos do modelo M7 no valor de cerca de 11.880 mil patacas. Anexado a cada recibo a PJ encontrou ainda algumas notas em papel que incluíam dados como nomes e datas para marcação de consultas.
Noutra farmácia, esta localizada rua da Praia do Manduco, foram apreendidas também várias notas escritas e atestados, com assinaturas e carimbos médicos.
Numa terceira farmácia, localizada na Rua 5 de Outubro foi encontrado um caderno de registos de consultas utilizado pelos clientes, sendo que um responsável deste estabelecimento, inquirido pela PJ, disse que alguns deles utilizaram ainda vales de saúde para fazer compras.
Assim, usando como intermediária a mulher de 63 agora constituída arguida, os clientes desta farmácia procuravam depois clínicas dispostas a falsificar consultas, em troca dos ditos vales de saúde. Com este método, os clientes podiam ter descontos nas suas compras. Em troca, tanto as farmácias como a intermediária, cobravam comissões.
Nas restantes três farmácias identificadas não foram ainda apreendidos objectos ligados ao crime, embora alguns responsáveis tenham já confessado ter ajudado na emissão dos recibos falsos. Estas três farmácias, entretanto, já fecharam actividade.
“A única vítima aqui é o governo da RAEM. Segundo a investigação preliminar esta farmácia conseguiu lesar o Estado em 160 mil patacas”, frisou a porta voz da PJ.
Além dos dois arguidos, há ainda sete suspeitos de envolvimento no caso, sendo que a Polícia Judiciária afirma que vai continuar com as investigações até encontrar os cúmplices em fuga. P.A.

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