China / ÁsiaTaiwan | China acusada de constituir “grande desafio” à paz e estabilidade Hoje Macau - 11 Out 2019 [dropcap]A[/dropcap] Presidente de Taiwan disse ontem que a China tem ameaçado constantemente a ilha, constituindo um “grande desafio” à paz e estabilidade regionais, numa altura em que Pequim tenta isolar diplomaticamente o território. “A China usa a fórmula ‘um país, dois sistemas’ para nos ameaçar constantemente, efectua todo o tipo de ataques e ergue desafios virulentos à paz e à estabilidade regionais”, defendeu Tsai Ing-wen, no discurso que marcou o Dia Nacional de Taiwan. As declarações de Tsai surgem numa altura em que Hong Kong é palco dos maiores protestos pró-democracia desde a transferência da soberania do território do Reino Unido para a China, em 1997. A líder taiwanesa considerou que a contestação social na região semiautónoma chinesa expõe “o fracasso” da fórmula ‘um país, dois sistemas’, e prometeu defender a soberania de Taiwan. Taiwan “não teria espaço para sobreviver se aceitasse a fórmula ‘um país, dois sistemas'”, afirmou. Rejeitar aquela fórmula, que garante o estatuto semiautónomo de Hong Kong e de Macau, é o “maior consenso entre os 23 milhões de habitantes de Taiwan, independentemente da filiação partidária ou posição política”, sublinhou. Nada a dizer China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. No entanto, Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso a ilha declare independência. Pequim cortou os mecanismos de diálogo com Taipé desde a eleição de Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático (DPP, sigla em inglês), pró-independência, em 2016, e afirmou que só aceita voltar atrás se a líder taiwanesa declarar que a ilha é parte da China. Tsai concorre a um segundo mandato nas eleições que se realizam no início do próximo ano. Apoio republicano Em contraste com a parada militar que, no dia 1 Outubro, assinalou os 70 anos desde a fundação da República Popular da China, em Pequim, com uma demonstração de mísseis balísticos intercontinentais, Taiwan realizou uma celebração mais discreta, que sublinhou a abertura do território, incluindo através da participação de dezenas de imigrantes. “Quando a democracia está sob ameaça, devemos erguer-nos para protegê-la. Como Presidente, devo defender a soberania e assegurar a sobrevivência de Taiwan”, afirmou Tsai. Desde que Tsai Ing-wen foi eleita Presidente, sete países, incluído São Tomé e Príncipe, cortaram relações diplomáticas com Taipé, que conta agora apenas 15 aliados diplomáticos. E após o XIX Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), em 2017, as incursões de aviões militares chineses no espaço aéreo da ilha intensificaram-se, levando analistas a considerarem como cada vez mais provável uma invasão da China. No entanto, o apoio militar dos Estados Unidos a Taipé tem aumentado, o que constitui outra fonte de tensão entre Washington e Pequim. Numa demonstração de apoio a Tsai, o senador Ted Cruz, do Partido Republicano, participou ontem nas comemorações do Dia Nacional em Taipé. Tratou-se da primeira participação de um senador norte-americano naquelas comemorações em 35 anos, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan.