China / ÁsiaHong Kong | Mais de mil detidos desde início dos protestos Hoje Macau - 3 Set 2019 O número de detidos não para de crescer desde o início dos protestos, há quase três meses. Só neste fim-de-semana, um dos mais violentos, quase 160 manifestantes foram presos [dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong anunciou ontem que desde o início dos protestos pró-democracia foram detidas 1.117 pessoas, 159 das quais no fim-de-semana, marcado por manifestações não autorizadas e confrontos violentos. Dos 159 detidos, 132 são homens e 26 mulheres entre os 25 e os 38 anos, adiantaram as forças de segurança numa conferência de imprensa transmitida em directo na rede social Facebook, durante a qual se destacaram os actos de vandalismo de alguns “manifestantes radicais”. Os manifestantes foram detidos por participação em manifestações ilegais e agressões a elementos das forças de segurança. A polícia sublinhou que entre sexta-feira e domingo as bombas incendiárias lançadas pelos manifestantes foram “mais destrutivas e perigosas”, com muitas das acções a colocarem em perigo a população. A escalada de violenta na região administrativa especial chinesa traduziu-se este fim-de-semana em 241 disparos de gás lacrimogéneo e 92 balas de borracha por parte da polícia, que foi obrigada a efectuar dois disparos de aviso para o ar. A conferência de imprensa teve lugar ontem à tarde, num momento em que milhares de manifestantes participavam em mais um protesto pró-democracia, no primeiro de dois dias de greve geral e no início de um boicote às aulas que deve durar duas semanas. A organização indicou que, pelas 17:00, cerca de 40 mil pessoas participavam na iniciativa. Ao contrário do que sucedeu no sábado, marcado de novo por violentos confrontos, a manifestação de ontem foi autorizada pela polícia. Cerca de 400 funcionários do Hospital Queen Mary, em Hong Kong, formaram ontem um cordão humano para condenar a polícia por ter negado primeiros socorros a manifestantes que foram alvo de uma intervenção das forças de segurança no sábado, noticiou ontem a rádio local RTHK. Segundo a organização do protesto, é inaceitável que a polícia tenha demorado mais de duas horas a permitir o transporte para os hospitais dos jovens que ficaram feridos na estação de metro de Prince Edward e que tenha bloqueado o acesso ao local dos socorristas. Os protestos em Hong Kong duram há quase três meses. Na passada semana, foram detidos proeminentes activistas e três deputados do parlamento. A polícia deixou de fazer policiamento a pé pelas ruas para evitar quaisquer emboscadas às forças de segurança. Um activista foi atacado com tacos de basebol por homens com o rosto tapado. Um polícia foi alvo também de um violento ataque com uma faca à saída de um turno, na sexta-feira. Das exigências Em Hong Kong vive-se um impasse político, depois de os manifestantes terem exigido inicialmente a retirada de uma lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China, para depois somarem outras reivindicações, uma delas o sufrágio universal. A chefe do Governo admitiu chamar a si poderes reforçados face à situação de emergência que se vive no território e com a China a estacionar tropas na cidade vizinha, Shenzen. O movimento pró-democracia definiu cinco reivindicações: a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, e finalmente a demissão da chefe de Governo Carrie Lam e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.