Exposição | Pintura de Hong Wai a partir de amanhã no Museu do Oriente

“Paisagens Femininas, Luar e Segredos de Boudoir” é o nome da exposição da artista de Macau Hong Wai que abre ao público amanhã no Museu do Oriente. Com uma linguagem suave que transporta a tinta-da-china para a contemporaneidade, a mostra divide-se em três séries onde a sensualidade conquista o espaço natural

 
[dropcap]A[/dropcap] voluptuosidade dos contornos femininos, envoltos em rendas e transparências, coabitam naturalmente com paisagens de cordilheiras típicas da pintura tradicional chinesa nos quadros de Hong Wai, que podem ser vistos no Museu do Oriente, em Lisboa, a partir de amanhã até 15 de Setembro.

“Paisagens Femininas, Luar e Segredos de Boudoir” é o título da exposição da artista local, a viver em Paris desde 2005, que multiplica a visão artística de Hong Wai em três séries.

Na série “Paisagem Feminina”, horizontes tradicionais compostos por montanhas e águas, “a mais elevada metáfora espiritual e moral da pintura chinesa”, são desconstruídos pelo pincel de Hong Wai com a introdução de formas voluptuosas de corpos femininos na paisagem natural.

“As montanhas, outrora vistas como forças energéticas que materializam o dragão, transformam-se agora em corpos femininos ondulantes, e a vegetação, na mais sensual lingerie”, lê-se no texto que apresenta a exposição.

A intimidade e a lingerie voltam a assumir o papel principal na série “Segredos de Boudoir”, numa sucessão de quadros que captam fantasmagoria, mistério e sensualidade. Além da estética, esta série representa a manifestação filosófica central à artista. Em entrevista ao HM em 2017, Hong Wai descodificava a sua perspectiva feminista como próxima da vaga “Lipstick” no século XX. “O chamado feminismo do batom é uma variedade de feminismo de terceira geração que procura abraçar conceitos tradicionais de feminilidade, incluindo o poder sexual das mulheres. Ao contrário das primeiras campanhas feministas que se concentraram nos direitos fundamentais das mulheres, e que começaram pela exigência do direito ao voto, o feminismo do batom procura perceber se as mulheres podem ser feministas sem ignorar ou negar a sua feminilidade, nomeadamente no que respeita à sexualidade”, enquadrava a pintora.

Outro lado da Lua

Na série “Luar”, Hong Wai cria uma atmosfera calma e poética de floresta sobre o brilho prateado do luar. Estes trabalhos são exemplares na forma como as linhas desenhadas pela artista traduzem a meticulosa paciência e o total foco de atenção no mais ínfimo detalhe.

Até 15 de Setembro, o Museu do Oriente apresenta esta fusão de pintura tradicional chinesa com o olhar moderno e profundamente feminino de Hong Wai. A sua visão artística transporta a tinta-da-china para a arte contemporânea através dos desenhos de linhas finas e elegantes, “numa técnica que durante séculos era apenas destinada ao universo masculino”. Segundo a artista, “enquanto que os homens representam o poder da conquista e um mundo de fronteiras, este mesmo mundo aos olhos das mulheres é mais terno e delicado, um mundo em que o humano e a natureza são plenos de possibilidades de conexão e transformação”.

Nascida em Xangai em 1982, Hong Wai cresceu em Macau e desde 2005 reside e trabalha em Paris. Debruçou-se, enquanto estudante na École des Hautes Études en Sciences Sociales, sobre a forma contemporânea do espírito artístico dos literati chineses. Expôs as suas obras um pouco por todo o mundo, incluindo na Sotheby´s Gallery, em Hong Kong e no Museu de Arte, em Macau, e participou em feiras de arte internacionais como a Art Sage de Singapura e a Art Taipei.

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