China / ÁsiaAlemanha | Dois activistas de Hong Kong com estatuto de refugiado Hoje Macau - 23 Mai 2019 Fizeram parte dos confrontos com as forças policiais durante a manifestação em Fevereiro de 2016, conhecida como a “revolução das bolinhas de peixe”. Fugiram de Hong Kong em 2017 e são agora confirmados como refugiados a viver na Alemanha [dropcap]D[/dropcap]ois activistas pró-democracia em Hong Kong, Ray Wong e Alan Li, procurados pelas autoridades daquela Região Administrativa Especial chinesa e antiga colónia britânica, receberam o estatuto de refugiados na Alemanha, declarou um deles à agência de notícias francesa AFP. Ray Wong disse à AFP, por telefone, que havia fugido com Li para a Alemanha. A localização dos dois dissidentes chineses não era conhecida anteriormente. O activista referiu que até mesmo a sua família não sabia onde estava até Maio de 2018, quando recebeu o estatuto de refugiado na Alemanha. Não ousou contactar os seus familiares antes por temer que as suas comunicações estivessem a ser objecto de vigilância pelas autoridades de Hong Kong. Ray Wong e Alan Li, que participaram nos violentos confrontos com a polícia em 2016, deveriam ter comparecido diante da justiça sob a acusação de participação em tumultos, mas fugiram de Hong Kong em Novembro de 2017. A justiça de Hong Kong emitiu mandados de prisão, mas entretanto, o julgamento foi realizado à revelia. Após deste julgamento em 2018, o activista pró-independência Edward Leung, também preso na manifestação de Fevereiro de 2016, conhecida como a “revolução das bolinhas de peixe”, foi condenado a seis anos de prisão. O petisco esteve na origem de confrontos quando a polícia começou a fechar barracas de bolinhas na área pedestre de Mong Kok por não terem licença, tendo na ocasião sido registados confrontos entre os manifestantes e as forças policiais. Lei polémica Wong decidiu quebrar o silêncio por causa de um projecto do Governo de Hong Kong que autoriza a extradição para a China continental. “A coisa mais importante é continuar a falar e garantir que todo o mundo saiba que as pessoas em Hong Kong não aceitarão esta lei”, disse. O projecto provocou grandes manifestações e a preocupação de empresas e Governos estrangeiros, já que poderia reduzir a atracção pelo centro financeiro. Hong Kong tem actualmente um sistema legal diferente do da China. Wong, de 25 anos, que actualmente mora em Göttingen, na Alemanha, disse à AFP que deseja estudar filosofia e ciência política se o nível do seu alemão for considerado satisfatório. O estatuto de refugiado permite a Wong e a Li viverem, trabalharem e estudarem na Alemanha por um período inicial de três anos, que pode ser prolongado. Um porta-voz do Ministério do Interior alemão disse ontem aos jornalistas que “dois pedidos de asilo foram aceites em 2018” e que dizem respeito a pessoas de Hong Kong. As manifestações em Fevereiro de 2016, marcadas por motins que deixaram muitos feridos no distrito comercial de Mong Kok, foram organizadas por activistas que pediam mais liberdade e até a independência, provocaram a ira de Pequim. Ray Wong assegurou que desde então se tornou mais moderado. “No momento, eu não defendo a independência para Hong Kong”, disse.