Partidos anti-governamentais anunciam coligação para formar governo na Tailândia

[dropcap]O[/dropcap]s principais partidos anti-governamentais da Tailândia anunciaram hoje a intenção de formar Governo, três dias depois das primeiras eleições legislativas realizadas desde o golpe de Estado de 2014 e antes da divulgação dos resultados oficiais.

Líderes e membros das comissões executivas de sete partidos que se opõem à junta militar, que governou o país asiático nos últimos cinco anos, anunciaram um Governo de coligação numa conferência de imprensa conjunta em Banguecoque.

Sudarat Keyuraphan, o líder da principal formação da oposição, o partido Pheu Thai (Para os Tailandeses), disse que a coligação conta com 255 assentos, o que representa a maior parte das 500 cadeiras da câmara baixa do Parlamento, mas tem poucas hipóteses de nomear o primeiro-ministro devido ao quadro legal concebido pelo regime militar.

“É evidente que os partidos pró-democracia têm o mandato do povo nestas eleições e tentaremos impedir a continuação do regime da junta” militar, acrescentou Sudarat Keyuraphan.

O Pheu Thai é um partido próximo do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto num golpe em 2006 e actualmente no exílio e cujos partidos políticos venceram todas as eleições realizadas desde 2001, graças às suas políticas sociais, mas que se opõe à elite de Banguecoque.

O Anakot Mai (Novo Futuro), a terceira força mais votada no domingo, e cinco outros partidos – incluindo duas outras formações próximas de Shinawatra – juntaram-se ao Pheu Thai .

Embora a coligação antigovernamental criada hoje possa ter uma maioria de assentos na câmara baixa, a eleição do primeiro-ministro também dependerá do voto dos 250 membros do Senado, escolhidos pela junta militar e que, em princípio, optarão pelo ex-general e primeiro-ministro Prayut Chan-ocha, autor do golpe de 2014 e candidato do partido Palang Pracharat.
Diante do anúncio da coligação, o Palang Pracharat declarou que era seu o dever formar o novo Governo, já que teria obtido mais votos no último domingo.

As tensões entre os dois lados ocorrem após a Comissão Eleitoral adiar na segunda-feira o anúncio dos resultados definitivos – depois de assegurar que o Pheu Thai é líder em número de assentos eleitos -, afirmando que pode anunciá-los até 9 de Maio.

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