Cinema | Cinemateca Paixão apresenta três destaques de Cannes 2018

A Cinemateca Paixão assinala a época natalícia com a projecção de três filmes destacados no Festival de Cannes deste ano. “Girl”, “Sorry Angel” e “Asako I & II” são as propostas para ver até ao próximo dia 30

[dropcap]A[/dropcap] época natalícia está a ser assinalada na Cinemateca Paixão com a exibição de três filmes de referência. O vencedor da Queer Palm e do Prémio FIPRESCI no Festival de Cinema de Cannes 2018, “Girl” pode ser visto no grande ecrã diariamente até ao próximo dia 30 nas sessões das 19h30, à excepção de sábado que conta com uma projecção às 16h30.
“Girl” traz a história de Lara, uma adolescente de 15 anos determinada em tornar-se bailarina profissional. Com o apoio do pai, lança-se nesta demanda mas as frustrações e impaciência próprias da idade aumentam quando percebe que o seu corpo não se adapta com facilidade à severa disciplina a que é sujeita por ter nascido rapaz.
O drama é realizado por Lukas Dhont, um jovem cineasta formado na academia artística KASK. As suas curtas “Corps Perdu” e “L’Infini” ganharam vários prémios, no festival de Cinema de Ghent e no Festival Internacional de Curtas Metragens de Lovaina. Em 2016, “Girl” foi escolhido para projecto de realização da Cinéfondation de Cannes, tendo sido premiado.

Paris revisitado

Hoje, às 19h30 e domingo às 16h30 é a vez de “Sorry Angel” do francês Christophe Honoré ser apresentado em Macau. Nomeado para a Palma d’Ouro e Queer Palm em Cannes, este ano, “Sorry Angel” conta com as interpretações de Pierre Deladonchamps, Vincent Lacoste e Denis Podalydès num argumento que recorda a França dos anos 90 em que um encontro inesperado muda drasticamente a vida de Arthur, um jovem intelectual estudante de cinema vindo da província e de Jacques, um escritor mais ou menos famoso baseado em Paris. O filme semiautobiográfico, recria uma França da década de 1990 e “ilustra ternamente como, naquele tempo, se aprendia a viver e amar no momento, mas também a dizer adeus e enfrentar a perda daqueles que se amava”, refere a Cinemateca Paixão na apresentação da película. Por outro lado, “’Sorry Angel’ equilibra a esperança no futuro e a agonia do passado num drama inesquecível sobre uma busca pela coragem de amar no momento”, acrescenta a mesma fonte.
O realizador Christophe Honoré é um romancista francês que acabou por se tornar realizador e argumentista. Após os estudos universitários em Rennes, combinou várias actividades ao mesmo tempo: crítico de cinema (para Les cahiers du cinéma) e foi argumentista e escritor de livros para crianças e adultos. O seu primeiro filme, “Dezassete Vezes Cécile Cassard”, tornou-o num autor de cinema francês em ascensão. As obras de Honoré inspiram-se sobretudo em Paris, no cinema francês e na política LGBTQ, na representação da morte e do desejo sexual e nas próprias ligações entre os seus filmes. “Sorry Angel” marca o regresso do realizador à competição em Cannes, 11 anos depois de “Canções de Amor”.

Japão contemporâneo

“Asako I & II” é a proposta da programação “especial Natal”, com apresentação marcada para sábado às 21h30. O filme do japonês Ryusuke Hamaguchi é a adaptação do romance homónimo de Tomoka Shibasaki, vencedor do Prémio Akutagawa e traz ao ecrã um drama romântico que segue as desventuras de Asako, uma estudante de Osaka que se apaixona à primeira vista por Baku, um rapaz misterioso e temerário. Dois anos após o súbito desaparecimento de Baku, Asako muda-se para Tóquio de coração desfeito. Lá, conhece Ryuhei, um gentil e fiável empregado de uma empresa que se parece exactamente com Baku, mas sem qualquer semelhança com a sua personalidade desenfreada. De repente, Asako encontra-se apanhada entre dois amores.
Ryusuke Hamaguchi nasceu em Kanagawa em 1978. Formou-se na Escola Superior de Cinema e Novos Media da Universidade das Artes de Tóquio. Em 2013 realizou “Touching the Skin of Eeriness” e, em 2015, “Happy Hour” com uma duração de mais de cinco horas em que conta a vida de quatro raparigas ligadas por uma frágil amizade no momento em que uma delas desaparece. O filme foi premiado duas vezes no Festival de Locarno. A sua mais recente película “Asako I & II” competiu pela Palma d’Ouro 2018. É conhecido como o mais contemporâneo dos realizadores japoneses depois de Koreeda Hirokazu e de Naomi Kawasaki.

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