EventosTeatro | Companhia da Chanca em Macau para o Encontro de Marionetas que se realiza em Setembro Diana do Mar - 9 Ago 2018 É já no próximo mês que arranca mais um Encontro de Marionetas. De Portugal chega a Companhia da Chanca com “Sítio”, uma peça de teatro, sem falas, que narra a vida de uma aldeia no interior do país [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]com “Sítio” que a Companhia da Chanca vai fazer a sua estreia em Macau no âmbito do Encontro de Marionetas no próximo mês. O espectáculo de teatro físico aborda a desertificação do interior do país, um problema que não se cinge apenas a Portugal. Com dois actores em palco, mas sem uma única palavra durante 55 minutos, o espectáculo gira em torno de “um casal de idosos que mora numa aldeia isolada de Portugal que recebe um cartão a anunciar o nascimento do neto, algo que vai alterar a sua vida quotidiana rotinas diárias”, explicou ao HM o actor e co-fundador da Companhia da Chanca, André Louro, desvendando mais pormenores sobre a narrativa. “O casal resolve fazer uma encomenda, com brinquedos para o neto, com a história a passar também pela viagem epopeica até ao posto de correios mais próximo”, complementou. “Sítio” é “um pouco o reflexo da nossa visão da aldeia”, sublinhou o artista que, a par da mulher, Catarina Santana, trocou Lisboa pelo interior de Portugal, fixando-se em Chanca, concelho de Penela, no distrito de Coimbra. A receptividade ao espectáculo – em que são utilizadas máscaras larvares para representar o tema dos idosos – “tem sido muito engraçada”, realçou André Louro. “Até já tivemos pessoas a chorar no final. É muito interessante ver como as pessoas conseguem entrar neste universo”. “Sendo um espectáculo sem palavras, muitas vezes, os códigos são diferentes para cada um que acaba por reagir e interpretar à sua maneira”, observou. Durante o Encontro de Marionetas, a Companhia de Chanca vai realizar dois espectáculos: um no Teatro D. Pedro V, no dia 9 de Setembro, segundo o programa provisório, e outro na Escola Portuguesa de Macau. A experiência de ter crianças ou adolescentes como audiência também se tem revelado muito positiva: “A interpretação das crianças leva-as a zonas incríveis. Não que a história que constroem seja muito diferente do que pretendemos contar, mas a imaginação delas vai muito longe”. A particularidade de ser um espectáculo sem falas também permite alcançar públicos de diferentes culturas, dado que “o ‘handicap’ da língua não existe”. “Claro que hoje em dia temos muitos espectáculos legendados, mas não deixa de ser uma barreira à compreensão, porque em vez de estarmos a olhar para os actores estamos a olhar para um texto, muitas vezes fora do palco ou fora de visão”, sublinhou André Louro. Silêncio em tour A vinda a Macau será, aliás, a segunda experiência fora de Portugal da companhia de teatro profissional, fundada em 2015, após a do Brasil, prevista para o final do mês. “É emocionante. Claro que estamos muito curiosos sobre como vai ser fazer isto noutras partes do mundo, em saber o que é que o público vai perceber e retirar do espectáculo”, realçou. Sobre as expectativas relativamente ao espectador chinês, André Louro afirmou que lhe desperta “muita curiosidade”. “Não sabemos mesmo [o que esperar]. Eu estive apenas uma vez em Macau, com um espectáculo de dança e a reacção foi muito boa”, afirmou, referindo-se à coreografia “Nortada”, da Companhia de Olga Roriz, em que foi assistente da direcção artística, espectáculo que integrou o Festival de Artes em 2012. O Encontro de Marionetas, organizado pela Casa de Portugal, arranca a 8 de Setembro. Segundo o programa provisório, o Encontro de Marionetas abre com espectáculos de marionetas com o grupo de Hong Kong HK Puppet and Shadow Art Center e com os tradicionais Robertos, com o artista local Sérgio Rolo, no Jardim Lou Lim Ieoc. Depois de “Sítio” da Companhia da Chanca, no dia seguinte, no Teatro D. Pedro V, segue-se o espectáculo “O Circo”, de Elisa Vilaça, no dia 15, no Conservatório, estando previstas duas sessões para bebés e crianças. Entre 16 e 22 de Setembro vai ter lugar uma exposição interactiva de histórias contadas e recontadas por Elisa Vilaça, com dias dedicados a escolas e outros ao público em geral.