Economia | Pequim tenta travar especulação com yuan face a desvalorização

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] banco do povo chinês (banco central) anunciou que a partir de ontem os bancos terão de ter um depósito de 20 por cento para contratos de compra ou venda de yuan no futuro. A medida aumenta os custos de apostar na desvalorização do yuan, visando travar a negociação especulativa.
Na sexta-feira passada, a moeda chinesa chegou a cair 0,7 por cento, face ao dólar norte-americano, atingindo o valor mais baixo desde maio de 2017.
Desde o início de Fevereiro, o yuan caiu já cerca de 8 por cento face ao dólar. A queda apoia os exportadores chineses face à subidas das taxas alfandegárias nos EUA, ao reduzir o preço dos seus bens na moeda norte-americana, mas encoraja os investidores a tirar dinheiro da China, levando a um aumento nos custos de financiamento de outras indústrias domésticas.
As crescentes fricções comerciais com Washington sugerem que Pequim continuará a desvalorizar a sua moeda. Analistas afirmam que a desvalorização tem sido suscitada também pelo abrandamento do ritmo de crescimento da economia chinesa e as diferentes direcções das taxas de juro nos EUA e na China.
No mês passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs taxas alfandegárias de 25 por cento sobre 34 mil milhões de dólares (mais de 29 mil milhões de euros) de importações oriundas da China, contra o que considera serem “tácticas predatórias” por parte de Pequim, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico.
Pequim retaliou aquelas medidas, levando Trump a ameaçar penalizar mais 200 mil milhões de dólares (173 mil milhões euros) de produtos chineses.
A liderança chinesa tem tentado manter os seus planos de desenvolvimento económico a longo prazo, resistindo à exigência de Trump para que altere as suas políticas para a tecnologia, que outros governos acusam de violar os compromissos da China com a abertura do seu mercado.

Moeda isolada

Jingyi Pan, analista na IG Asia, empresa líder nas transacções de derivados, afirma que o banco central chinês tem sido “muito tolerante” face à desvalorização do yuan, mas que as últimas medidas “sugerem preocupações com a fuga de capital”.
Pequim impôs medidas semelhantes em Outubro de 2015, após uma mudança no mecanismo da taxa de câmbio ter levado os mercados a apostar na queda do yuan. A moeda estabilizou temporariamente, mas desvalorizou no ano seguinte. Tornar a aposta na queda do yuan mais difícil “não isola [a moeda] da guerra cambial”, afirma em relatório Philip Wee e Eugene Leow, do banco de Singapura DBS Group.
A eficácia dos novos controlos deverá ser limitada, segundo analistas, face às diferentes tendências nas taxas de juro na China e EUA.
A Reserva Federal norte-americana está a aumentar as taxas de juro, enquanto Pequim tem impulsionado o acesso ao crédito, visando estimular o crescimento económico. Isto encoraja os investidores a converter o dinheiro em dólares, visando obter maiores lucros.

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