Maalé | Acessórios originais e personalizados feitos à mão

[dropcap style =’circle’ ] N [/dropcap] ão há duas peças iguais. Cada uma é minuciosa e originalmente burilada pelas mãos de quem sempre adorou o mundo dos trabalhos manuais. Depois de anos a fio a criar peças para oferecer, Manuela Sotero decidiu pôr a habilidade à prova. Os acessórios únicos e originais feitos à mão da Maalé – Design. Creation podem ser adquiridos através do Facebook e do Instagram.

“Além dos que guardava para mim, eu fazia para oferecer. Tinha sempre muito prazer em pensar na pessoa a quem ia dar”, conta Manuela Sotero, exibindo ao pescoço um dos colares mais antigos da sua colecção pessoal. Apesar da contínua insistência da filha e do incentivo do marido, Manuela Sotero nunca aceitara vender as peças que concebe, “exactamente porque queria que fossem para oferecer”. No entanto, as circunstâncias acabariam por levá-la a ceder.

“Deixei de trabalhar no ano passado e fui a África do Sul passar umas férias com a minha filha, que vive lá. Tive reuniões e convívios com senhoras influentes do trabalho dela e as conversas iam parar aos colares que eu usava”. O ‘feedback’ não podia ter sido mais positivo: “Elas gostaram muito e faziam-me muitas perguntas sobre como os fazia e então eu achei que era talvez altura de começar [o negócio] e abrir uma conta no Facebook e no Instagram”, explica Manuela Sotero.

Dedica-se sobretudo à feitura de colares, por via dos quais tenta “sempre transmitir emoções positivas e alegres”, recorrendo a cores vibrantes e fortes para inspirar isso mesmo, como vermelhos ou amarelos. Em termos de pedras, gosta de as sentir, “porque se forem agradáveis ao toque já é um ponto de começo”, sublinha Manuela Sotero sem esconder as predilectas: “Adoro turquesas, jade, ónix e lápis lazúli e sou doida por pérolas”.

As pedras preciosas ou semipreciosas vai comprando por onde viaja, até porque “em Macau basicamente não há, ou se há são a preços exorbitantes”. Em paralelo, não é vulgar comprar as peças em função de um estilo, dado que, na maioria das vezes, faz o contrário.

O seu gosto particular figura como a imagem de marca, embora aceite pedidos concretos. “No outro dia, duas amigas deram-me uma série de pedras semipreciosas para eu montar os colares a meu gosto”, exemplifica.

O nome da marca resulta da expressão pela qual Manuela Sotero é carinhosamente conhecida (Malé), tendo sido ligeiramente ajustado para funcionar melhor na língua inglesa.

A Maalé – Design. Creation dedica-se sobretudo a colares, mas também há conjuntos de brincos ou pulseiras a condizer. O tempo de execução dos colares depende do formato: “Se for em terço, em que as pequenas argolas são feitas uma a uma, pode levar um dia”.

A carteira de clientes, essa, tem vindo a crescer. “Estou ainda a começar, mas tenho tido bastantes encomendas”, incluindo de amigas, ou de amigas de amigas, mas também de clientes que não conhecia antes.

Os pedidos têm chegado também de fora de Macau, nomeadamente de África do Sul ou de Itália, com os preços das peças a oscilarem entre as 500 e as 2000 patacas. O próximo passo é “investir mais na embalagem”, indica Manuela Sotero.

Já abrir um espaço físico é uma carta fora do baralho: “Adorava, mas com as rendas em Macau quem pode?”

O gosto pelos trabalhos manuais surgiu cedo: “Desde pequenina sempre adorei fazer coisinhas com as mãos. O meu pai comprava-me muitas missangas. Comecei a fazer pequenos colares e brincadeiras e quando houve a revolução em Moçambique fomos para a África do Sul, mas eu continuei a fazer e usava-os eu”.

Mas nem sempre foi assim e, na verdade, Manuela Sotero até teve, nos tempos de estudante, a experiência de vender as peças que produzia. “Um dia fui a uma boutique muito gira e perguntaram-me onde é que eu tinha comprado o colar que usava e a dona sugeriu que eu fizesse trabalhos em regime de exclusividade para a loja. Eram trabalhos muito simples, com arames e missangas”, indica Manuela Sotero.

Essa experiência, a primeira de trabalho e que durou dos 15 aos 17 anos, permitiu-lhe, aliás, uma certa almofada financeira em tempos complicados. “Eu, como miúda que era, continuava a querer o leitor de cassetes ou a máquina fotográfica e comprei todas essas coisas com o dinheiro que ia fazendo”, recorda.

“Depois parei um pouco, mas nunca me desliguei totalmente dos trabalhos manuais. Eu fazia pintura em porcelana, costura de roupa, acolchoados, enfim, até fiz vitrais. Sempre gostei muito dessas coisas”.

A Macau chega em Janeiro de 1999, numa altura em que muita gente estava de partida, onde ganha um novo ímpeto. “Embora com trabalho a tempo inteiro, comecei a fazer todos os cursos que apareciam no horário fora do expediente e ao fim-de-semana”, explica Manuela Sotero, que desenvolveu muito a sua capacidade técnica com Cristina Vinhas, que dá formação de joalharia.

Mais uma vez, “tudo sempre com a ideia de oferecer”, até hoje. O cuidado em tornar cada peça personalizada e única, esse, mantém-se.

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