EventosGuida Maria (1950-2018): A bela diferente Hoje Macau - 3 Jan 2018 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] actriz portuguesa Guida Maria morreu ontem, aos 67 anos, vítima de cancro, revelou o encenador António Pires. “A actriz faleceu hoje de manhã, tranquilamente durante o sono, após ter sido vítima de doença prolongada”, referiu o encenador. Nascida em Lisboa em 1950, Guida Maria fez cinema, ficção em televisão, mas sobretudo teatro, tendo participado em cerca de 40 peças, entre as quais “A mãe”, “Auto da geração humana”, “A casa de Bernarda Alba” e, possivelmente uma das mais conhecidas da carreira, “Os monólogos da vagina”. Filha do actor Luís Cerqueira, Guida Maria estreou-se aos sete anos na peça “Fogo de Vista”, de Ramada Curto, aos dez anos entrou em “A sapateira prodigiosa”, da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, ao lado de Eunice Muñoz, e, aos 13, fez sucesso em “O milagre de Anne Sullivan”, encenada por Luís de Sttau Monteiro. Com vários anos de experiência de palco, Guida Maria estudou depois no Conservatório Nacional, ao mesmo tempo em que entrava noutras peças produzidas por Vasco Morgado. Ainda antes do 25 de Abril de 1974, a actriz entrou em “A promessa”, uma adaptação de António de Macedo de uma peça de Bernardo Santareno, na qual protagonizou o primeiro nu integral do cinema português. O filme foi exibido em vários festivais, nomeadamente em Cannes. Ainda na década de 1970 foi convidada a integrar o Teatro Nacional D. Maria II, onde permaneceu até aos anos 1990, tendo entrado em peças como “O leque de Lady Windermere”, “Maria Stuart”, “Slag” e “Sherley Valentine”, o primeiro de vários monólogos que protagonizou na carreira. Durante esse período no teatro nacional, Guida Maria fez uma pausa em 1980 e, com uma bolsa de estudos, entrou na American Academy of Dramatic Art, em Nova Iorque, e fez vários ‘workshops’ na Actors Studio. Além de “Sherley Valentine”, Guida Maria ficou conhecida por outros monólogos como “Andy & Melissa” (2001), “Zelda” (2004), “Stôra Margarida” (2006) e “Sexo? Sim, mas com orgasmo” (2010). O maior sucesso de carreira, com vários meses em cena e reposições, terá sido a peça “Os monólogos da vagina”, de Eve Ensler. A telenovela brasileira “O bem amado”, da TV Globo, a novela portuguesa “Passerelle”, as séries “Nico d’Obra” e “Riscos”, e os filmes “O barão de altamira”, de Artur Semedo, e “No dia dos meus anos”, de João Botelho, são outras produções em que participou. Em 2009 lançou uma autobiografia, “Guida Maria – Uma vida”.