SociedadeCaritas precisa de voluntários para apoiar famílias em necessidade João Luz - 25 Ago 2017 [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sequência dos cortes de energia, muitas pessoas ficaram presas em casa sem acesso a comida ou água. Na zona do Fai Chi Kei, o tufão deixou muitos idosos isolados. Um grupo de voluntários prestou-se a levar-lhe as primeiras duas refeições de ontem, sobrando apenas o jantar. Precisavam de seis centenas de refeições, pedido respondido por alguns empresários da restauração. Este exemplo ilustra um pouco do que se tem passado em Macau desde que o Hato assolou o território. A Caritas, também a braços com os danos, tem estado na linha da frente a apoiar quem precisa. “Neste momento, estamos a contactar aqueles que recorrem aos nossos serviços, levando refeições, auxiliando pessoas isoladas e prestando apoio psicológico às vítimas”, conta Alan Oho da Caritas. A instituição ainda está a quantificar os danos que os seus equipamentos sofreram, mas houve veículos para transporte de pessoas em cadeiras de rodas que foram atingidos por árvores e detritos. Também a Santa Casa da Misericórdia sofreu danos, principalmente na loja social da Ilha Verde que ficou inundada tendo sido destruídos todos os cabazes alimentares que estavam prontos para ser distribuídos daqui a uma semana. Mais ajuda Alan Oho, da Caritas, confessa que a instituição atravessa uma fase em que precisa de ajuda. “Estamos a tentar angariar voluntários que possam complementar o nosso pessoal para ajudar as famílias”. O funcionário da Caritas conta que um dos maiores problemas é fazer chegar a ajuda a pessoas com problemas de mobilidade que ficam presas em edifícios em elevadores, como o caso de um casal que usa cadeiras de rodas e vive num 21º andar. Uma das situações mais dramáticas que Alan Oho enfrentou na noite de quarta-feira foi a necessidade de ter de ir buscar três idosos ao hospital depois de feita a hemodiálise. “Passámos por áreas cheias de vidros e detritos, chapas de metal, pedaços de árvores, eu, que sou um condutor experiente, senti-me muito inseguro”, conta. Apesar da incerteza do que se lhes deparava pelo caminho, conseguiram transportar os idosos de regresso ao lar. A etapa seguinte foi transportá-los ao longo de seis lances de escadas. Se por um lado o Hato trouxe ao de cima alguma das melhores características das gentes de Macau, também houve o reverso. Com a água potável a escassear nas prateleiras dos supermercados, houve quem pusesse à venda duas garrafas de água pela módica quantia de 150 patacas.