China / ÁsiaTaiwan insta Pequim a diálogo “calmo e racional” Hoje Macau - 3 Jan 2017 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Presidente Tsai Ing-wen apela à racionalidade, mas assegura que não se deixará influenciar por manobras intimidatórias vindas de Pequim A Presidente de Taiwan instou no fim-de-semana a China a um diálogo “calmo e racional” e disse que não cederá a movimentações que visam “ameaçar e intimidar” a ilha. Tsai Ing-wen afirmou, numa conferência de imprensa, que Taipé e Pequim devem manter conversações com base em “atitudes flexíveis” para assegurarem a manutenção de relações pacíficas e estáveis. Por outro lado, garantiu que não cederá às pressões da China, que recuperou “velhas formas” de intimidação, depois de protestos de Pequim por o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ter falado por telefone com Tsai Ing-wen no início deste mês. Desde então, a China tem feito exercícios militares perto de Taiwan, numa aparente demonstração de força. O Ministério da Defesa chinês admitiu na quinta-feira que manobras realizadas no Pacífico pelo porta-aviões Liaoning, que passou por águas próximas de Taiwan, visaram “dissuadir as forças independentistas taiwanesas”. Pequim considera Taiwan uma província chinesa e ameaça com o “uso da força”, caso o território declare independência. A ilha, onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China. Taipé e Pequim dizem que existe uma só China. A chamada telefónica de Trump para Taipé pôs fim ao protocolo diplomático seguido há décadas por Washington, que privilegia as suas relações com Pequim. “As autoridades de Pequim estão a regressar às suas velhas formas de isolamento e supressão de Taiwan, e mesmo a ameaças e intimidação”, disse Tsai. “Esperamos que isto não seja uma decisão política de Pequim”, disse ainda acrescentando: “Não cederemos à pressão, mas também não regressaremos à velha atitude de confrontação”. A China suspendeu os contactos com Taiwan em julho, depois de Tsai ter tomado posse e ter recusado o “consenso 1992”. Trata-se de um entendimento tácito alcançado naquele ano entre a China e Taiwan, na altura com um Governo liderado pelo Kuomintang (nacionalistas), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o que isso significa. Viagem à América A Presidente de Twain vai passar pelos Estados Unidos em Janeiro, em trânsito para países da América central, mas não confirmou se terá algum encontro com a equipa ou representantes de Donald Trump. Na mesma conferência de imprensa, Tsai disse que as relações diplomáticas de Taiwan com as Honduras, Guatemala e El Salvador são “consideradas estáveis”. No dia 20 deste mês, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a República Popular da China. Seis dias depois, na segunda-feira, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com São Tomé. Neste momento, apenas 21 países no mundo, incluindo o Vaticano, reconhecem Taiwan e mantêm relações diplomáticas com a ilha.