Alimentação | Restaurante paquistanês ajuda desfavorecidos

“Pakistan Curry” é o nome de uma loja de refeições de venda para fora, na Areia Preta, que oferece comida grátis a quem não tem dinheiro. Propriedade de um paquistanês de origem muçulmana, mais do que boa vontade, a ideia é cumprir com os preceitos da religião

[dropcap style’circle’]F[/dropcap]aisal tem 25 anos e nasceu no Paquistão. Imigrou há dois anos para Macau, na tentativa de procurar uma vida melhor. Aqui trabalhou como segurança no Clube D2, mas há dois meses e meio decidiu concretizar o sonho de abrir um espaço seu. Assim nasceu a casa de venda de refeições para fora “Pakistan Curry”, na Avenida 1º de Maio, na zona da Areia Preta.
Até aqui, a sua história seria igual à de tantos outros imigrantes. Mas a de Faisal é maior. E é não acaba aqui, porque, na sua pequena cozinha, o paquistanês prepara pratos grátis para quem não tem dinheiro para os comprar.
À porta do estabelecimento tem escrito em Inglês “If anyone no have money for food can eat free here”. Sem dinheiro, quem tem fome pode matá-la no Pakistan Curry, mas apesar da boa vontade, até ao momento, apenas apareceu uma pessoa. Faisal não percebe a razão.
“Vejo muitas pessoas aqui na zona que dormem na rua. Na sua maioria são indianos e filipinos que vêm trabalhar na construção civil, mas que nem sempre têm trabalho”, indica ao HM.
Por ter pena desta gente, decidiu fazer aquilo que o seu coração e a sua religião, o islamismo, mandam. “Ninguém sai do seu país se tiver trabalho. Por isso, é duro não ter dinheiro. Na minha religião as pessoas devem ajudar quem tem menos.” E foi isso que fez.

Balanço positivo

Faisal nasceu na cidade de Lahore, no Paquistão, e trabalhava na pequena empresa do pai, ligada à indústria do calçado. “Mas as coisas não estavam a correr bem e como tinha um primo aqui em Macau, decidi arriscar”, conta ao HM.
Até agora as coisas têm corrido bem. Em dois anos, trabalhou, juntou dinheiro e abriu o seu próprio negócio. Casou com uma chinesa muçulmana e os dois trabalham juntos. “Ela faz a comida chinesa e eu a paquistanesa.”
O menu é variado. “Temos mais de 20 pratos e ainda quero expandir”, frisa. Shoarma e Kebab são o ponto forte. Mas também há rolinhos de galinha com vegetais e hambúrguer de frango. Os preços variam entre as 20 e as 40 patacas. Para além da possibilidade de oferecer refeições gratuitas, está disposto ainda a aceitar que lhe paguem menos. “Se uma pessoa tiver de pagar 40 patacas mas só tiver 20, não tem mal. Pode levar a comida na mesma.”
Entre as 11h00 e a 1h00 Faisal está na loja. “É o meu trabalho”, argumenta, quando questionado sobre as muitas horas que aqui passa.
Apostado em continuar a desbravar caminho, tem o sonho de abrir um restaurante “grande onde tenha muitos empregados para que possa ajudar cada vez mais pessoas pobres”.

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